30 de novembro de 2012

Eleições, já!


    1. O Novembro não nos vai deixar saudades. O orçamento de estado, geralmente desacreditado por personalidades de vários quadrantes, repudiado pela oposição parlamentar e com claro desagrado de muitos deputados da maioria, lá foi, mesmo assim, aprovado pela Assembleia. A entrevista do primeiro ministro, homem envelhecido, insensível e obstinado, não foi uma desilusão porque ninguém esperava que fosse diferente daquilo que foi. O caminho para o desastre vai continuar, e agravado. A única novidade foi o novo penteado da entrevistadora Judite de Sousa.                                                                                                                       Uma centena de personalidades, encabeçada por Mário Soares, enviou uma carta ao primeiro ministro, com cópia para o presidente da República, exigindo que o governo mude de rumo ou ele se demita. Não vi o nome de todos os signatários, mas julgo que não estão lá alguns que deviam estar, e no meio dos primeiros quarenta, um fez-me sorrir com algum desprezo. A carta dá-nos alguma satisfação moral, mas, claro, dela pouco ou nada resultará. Além disso, fez-me recordar que Mário Soares bem podia escrever uma pequena carta aberta ao povo português, desculpando-se de certos elogios paternais a Passos Coelho, há alguns meses atrás.               E preparem-se, que o Dezembro vai ser pior.

28 de novembro de 2012

Alternativa V

Ouvir Vitorino, político socialista, ex-ministro e ex-comissário europeu, é sempre um prazer, pela forma como expõe, e sempre útil, pelo conteúdo do que diz. Deu ontem uma entrevista à TVI,  feita pela Judite de Sousa, sobre a situação do país. Desejo só referir-me ao seguinte. A uma pergunta sobre a eventual queda do governo, Vitorino diz, grosso modo, que isso provocaria uma crise política que é o que o país menos precisa. Ou seja, depreende-se, do que o país menos precisa é de eleições, o que sempre aconteceria se o governo caísse, pois, diga-se, em aparte, Vitorino discorda, e bem, de governos de iniciativa presidencial.        Judite não perguntou, então, a Vitorino, se não achava que em crise política já o país andava há muito tempo. Se achava que só se deveria ir para eleições quando o pais estivesse devastado, com um desemprego galopante, um povo empobrecido, esfomeado, uma economia inexistente. Se achava que só se deveria ir para a única solução aceitável de uma alternativa, ou seja eleições, depois do descalabro que o orçamento de estado para 2013, em que ele próprio não acreditava, iria provocar. Se achava que se o governo caísse e fossemos para eleições, a Europa nos fechava a porta, preferindo um Portugal obediente e bem comportado, a um Portugal  que não aceitava uma austeridade selvagem imposta por uma troika mercenária, não aceitava ser transformado num mercado de mão de obra barata, cada vez menos qualificada, ao serviço dos países ricos, mas estava disposto a respeitar os seus compromissos e cumprir os seus deveres, mantendo os seus direitos de pais soberano e europeu. Era isto, no mínimo, que gostaria que tivesse sido perguntado a Vitorino.

27 de novembro de 2012

Alternativa IV

Informam-me que há uma sondagem do jornal "I" segundo a qual 70% dos portuguesas não querem eleições. Espantoso! Porque isso significa que 70% dos portugueses recusam a única alternativa aceitável para tentar travar esta nossa caminhada para a indigência, ou seja, 70% dos portugueses ou não estão a ser afectados pela actual situação, e por isso para eles está tudo bem, muito obrigado, ou estão, mas conformados, pensando que não há nada a fazer, que nenhum governo faria melhor. Claro que dos primeiros, a percentagem mais pequena, fazem parte ministros, secretários de estado, assessores, gestores, os belmiros, os jerónimos, os santos, e todos aqueles que vivem acima das nossas possibilidades, não das deles. Dos segundos fazem parte aqueles que, com restantes 30%, bem vão amargar com a chegada do orçamento para 2013.  Insisto! A única alternativa para evitar a caminhada para o abismo para o qual estamos a ser levados é: consulta eleitoral, eleições.

26 de novembro de 2012

Alternativa III

O historiador Pacheco Pereira, militante do PSD, onde já foi figurão, crítico implacável e maldoso do governo socialista e do seu primeiro ministro, José Sócrates, escreveu sábado passado no Público, um artigo dirigido aos intelectuais do país, em particular, penso, aos do seu quadrante político, face à situação política e social. Um artigo bem escrito, bem estruturado, onde diz muitas verdades, mas onde não apresenta nenhuma solução, nenhuma sugestão para o que se deve fazer, nada que possa inverter a caminhada para o abismo. Pacheco Pereira sabe que, como ele, os intelectuais da maioria parlamentar, PSD e CDS, e, infelizmente, não só eles, recusam a queda do governo e a consulta eleitoral, (única alternativa aceitável e urgente), como sabe que esta maioria, com os seus intelectuais, a mando do governo, ou seja a mando do impressionante Gaspar, não aceitou quaisquer alterações significativas ao orçamento, propostas pela oposição, e que o vai aprovar na integra. Então, este artigo dirigido aos intelectuais apela a quê, para que se faça o quê? Pois é, critica-se, comenta-se, opina-se, mas quando se chega à altura da alternativa, diz-se que ela não existe. Enfim, eu diria que este é, convenientemente, um artigo para inglês ver.                       Insisto: A ALTERNATIVA É A QUEDA DO GOVERNO SEGUIDA DE ELEIÇÕES.

25 de novembro de 2012

Voltando à alternativa

Atenção, eu disse que era uma missão impossível. Infelizmente a esmagadora maioria dos portugueses de todos os quadrantes, embora descontentes, não se vão juntar e através das forças políticas, sociais, judiciais e sindicais, forçar o Governo a antecipar eleições demitindo-se ou forçar o Presidente a destituir-lo, dissolver a Assembleia e convocar eleições. Eu sei isso, como sei que só alterando a lei eleitoral constitucional o período eleitoral poderia ser de meia dúzia de dias (ganhando-se tempo, dinheiro e eficácia). E também sei que nunca o Presidente juraria destituir um Governo que não cumprisse o programa que apresentara ao eleitorado. E, finalmente, também sei, e não tenho a menor dúvida, que a única alternativa que temos, para tentar evitar o abismo que nos é espera, é a consulta eleitoral, são as eleições.                                                                       Por isto e por aquilo, têm medo de eleições? Glosando alguém: Que tem medo compra um cão!

A minha alternativa

A alternativa a este caminho para o abismo, para onde estamos a ser levados, só pode ser a urgente consulta eleitoral, eleições. Muitos, por cobardia ou por hipocrisia, não aceitam a ideia, mas se queremos mudar de rumo, essa é a única alternativa. É pura fantasia acreditar que o Governo queira ou possa alterar, minimamente os objectivos que escolheu. Mas como chegar lá, às eleições? Só há uma maneira aceitável, mesmo que a consideremos uma missão impossível, que esmagadora maioria do povo português, da direita, do centro, da esquerda, por si, e através das forças políticas, sociais, judiciais, sindicais, declare com vigor, com clareza, sem ambiguidades, convictamente, que quer eleições, e assim force, obrigue, imponha ao Governo que convoque eleições antecipadas, já, ou ao Presidente da República que destitua o Governo,  dissolva a Assembleia da República, e as marque. Chegando-se aí, tais forças em consenso alargado deveriam estabelecer que o período eleitoral deveria durar somente meia dúzia de dias durante os quais os partidos políticos apresentariam os respectivos programas através da comunicação social, jornais, TV, etc. Além disso, deveria haver uma intervenção do Presidente, declarando solenemente que o Governo eleito, se não respeitasse basicamente as linhas mestras do seu programa seria destituído.

15 de novembro de 2012

A greve

Não foi geral, e foi pena, mas foi bastante participada. Lamente-se a violência final, mas tenhamos a consciência que, infelizmente, ela se vai repetir e, possivelmente, com maior gravidade. Mas que dizer de um primeiro ministro que, num dia de greve, provocante, vai visitar uma fábrica? E que, impertinente, felicita todos os trabalhadores que tiveram a coragem de ir trabalhar, fingindo não saber que muitos o foram com medo das represálias e alguns por não terem vergonha na cara. E que dizer de um presidente da República que, em jeito de piada, declara que tinha trabalhado, ou seja, que não tinha feito greve? Pobre país o nosso!