11 de janeiro de 2013

A Conspiração

Como à cerca das bruxas, também sobre a teoria da conspiração, à excepção do meu amigo HC, ninguém quer acreditar que ela existe, mas que na prática há conspirações, há! E, na realidade, até há uma agora entre nós, e bem preocupante. Eu, pelo menos, sinto-me preocupado e ameaçado. É uma conspiração que visa ter o controlo da taxa de mortalidade da terceira idade, ou seja, dos reformados e pensionistas. Os fautores dela, naturalmente, bem intencionados, andam incomodados com alta longevidade dos pensionistas (incrivelmente, já se ultrapassam os 80 anos e em boa forma física), tão custosa, tão dispendiosa, e procuram meios para obviar a tal situação. Meios humanitários, evidentemente, solidários, naturalmente, que, para além das muitas restrições gerais já em vigor, poderão começar a ser os cortes no valor das pensões, em todas elas como é justo, mas, principalmente, nas mais baixas, porque são as mais numerosas, tentando assim convencer, racionalmente, essa franja da população, que bem melhor que viver nesta terra, melhor seria arranjarem maneira de irem para os anjinhos.

10 de janeiro de 2013

Ainda sobre o Orçamento e o Presidente

Foi com perplexidade que se soube que o Presidente da República não tinha pedido urgência ao Tribunal Constitucional, para se pronunciar sobre as três normas do Orçamento de Estado que lhe enviara para fiscalização  sucessiva, e também com estranheza por não terem sido divulgadas as alegações que, necessariamente, acompanharam tal envio. Julgo não ser difícil adivinhar as razões, ou melhor, a razão de tal atitude e de tal resolução. O Presidente da República é muito cioso da sua imagem e, certamente, não quer que se diga ou pense que ele estava, de qualquer modo e em qualquer sentido, a pressionar o Tribunal Constitucional.  Das suas muitas preocupações há uma que, naturalmente, o Presidente da República não pode descurar, a sua imagem na História. Diz-me, espelho meu...!

9 de janeiro de 2013

Sobre o Orçamento: é assim, ou entendi mal?

O Presidente da República promulgou o Orçamento de Estado, mas enviou três das suas normas  ao Tribunal Constitucional, para fiscalização sucessiva. Embora desconhecendo as alegações apresentadas, tal procedimento só pode significar que o Presidente não teve dúvidas sobre a inconstitucionalidade das ditas normas e, portanto, solicitou ao Tribunal Constitucional que, de acordo com as suas competências e pareceres, assim as considere e classifique. Porque, se o Presidente algumas dúvidas tivesse quanto à constitucionalidade das mesmas, tê-las-ia enviado ao Tribunal para fiscalização preventiva, iniciativa que só ele podia tomar, antes de promulgar o Orçamento de Estado.  

4 de janeiro de 2013

Chandler & Marlowe

Voltando ao assunto e à entrevista do escritor John Banville, na revista LER, queria ainda acrescentar, sobre Philip Marlowe, criatura do escritor Raymond Chandler, o seguinte, embora sabendo que Banville não me vai ler: Marlowe nasceu em 1905, por isso ele informa o general Sterwood, no princípio de The Big Sleep, escrito em 1938, que tinha 33 anos. Quanto a paixões, ele realmente teve duas, uma, platónica, por Anne Riordan  (ele pode seduzir uma duquesa mas nunca corromperá uma virgem), e outra, carnal, por Linda Loring, e quanto a cenas de sexo, há pelo menos três, embora sem pormenores escusados, com Linda em, The long goodbye, e com Miss Vermilyea e depois Betty Mayfield, em, Playback. Não, Marlowe não é um sentimental, mas é um homem de consciência que toma por vezes atitudes que podem passar por sentimentais. É verdade que não há notícia de ele ter estado nos campos de batalha da Europa ou da Ásia, durante a guerra, o que não significa que não tenha exercido qualquer actividade, por exemplo na contra-espionagem. Não esquecer que depois de The lady in the lake, escrito em 1941/2, ele só vai reaparecer em 1949. E por aqui me fico, embora houvesse mais que dizer.

3 de janeiro de 2013

Chandler & Marlowe

Faço parte da legião dos admiradores de Raymond Chandler, consequentemente, não podia deixar escapar o primeiro número da LER deste ano, que anunciava na primeira página: PHILIP MARLOWE volta com John Banville. John Banville é um escritor irlandês que parece pertencer à lista de candidatos ao Nobel. Confesso que para mim é um desconhecido. No interior da revista há uma entrevista com o escritor que revela que será o seu pseudónimo, Benjamim Black, que assinará o seu livro sobre Marlowe, e emite algumas opiniões que me deixam algo perplexo. Claro que Marlowe não existiu, mas considerá-lo apenas um personagem literário e não querer sentir que ele existiu ou podia ter existido, como creio que Chandler tenha chegado a sentir, não me parece a melhor abordagem. Dizer que vai tornar Marlowe mais duro, que ele era um sentimental, que nos seus livros há pouco sexo, que ele, inimaginavelmente,  não evitava avançar para situações em que podia ser espancado ou mesmo morto, que era alcoólico, que estava apaixonado por Terry Lennox,  parecem-me ideias preocupantes e erradas. Desconfio que John Banville, na altura da entrevista, ainda não tinha lido ou relido, com a devida atenção, os romances e as cartas de Chandler sobre Marlowe. O que irá ele fazer de Marlowe e em que época situará ele a história sobre Marlowe? Philip Marlowe morreu no dia em que morreu Raymond Chandler, no dia 29 de Março de 1959. No meu livro, Chandler & Marlowe, por mim editado, apenas escrito para familiares e amigos, descrevi a morte de Marlowe, onde e como ela se verificara, e num capítulo, que posteriormente escrevi, para uma hipotética 2ª edição desse livro imagino o encontro entre Chandler e Marlowe, antes do primeiro enveredar pela vida de escritor e o segundo pela detective particular. Lamento, sorridente, que Benjamim não tenha oportunidade de os ler.