21 de setembro de 2017
A PROPÓSITO (3)
A propósito, penso que Portugal se devia preocupar e muito com o que está a acontecer em Espanha com a Catalunha, não para tomar partido, mas, principalmente, para ser um conselheiro que apelasse com vigor ao diálogo e à conciliação. Portugal não pode nem deve esquecer que tudo o que aconteça de bom ou de mau, principalmente de mau, em Espanha, se reflectirá em Portugal. Porquê? Basta não esquecer que a única fronteira terrestre de Portugal, é a fronteira com a Espanha.Tudo o que entra e sai de Portugal, via terrestre, passa pela Espanha. Claro que há a via marítima, mas que é da nossa marinha mercante? Claro que há a via aérea, mas que é da nossa TAP? E, a propósito, a quem se deve isso?
20 de setembro de 2017
19 de setembro de 2017
CONCHAS
Já lembrei, a minha colecção de conchas marinhas, em Biblioteca (5), quando revelei os livros arrumados na Despensa: os de Gastronomia e os de apoio à dita colecção. Volto a ela, para reafirmar que a considero excelente, o trabalho e o esforço, o prazer e o gosto que tive em procurar, encontrar, reunir, adquirir, alinhar, criar, limpar, classificar, arrumar, as conchas, naturalmente, não me permite ser modesto, e para apresentar o catálogo que ela, a colecção, indubitavelmente merece, não no seu todo, dada a sua extensão, apenas o texto de apresentação, o registo classificativo de uma concha, de cada uma das classes, além do anexo referente a outros despojos do mar.
CATÁLOGO DA COLECÇÃO
DE
CONCHAS MARINHAS E DESPOJOS DO MAR
APRESENTAÇÃO
DE
CONCHAS MARINHAS E DESPOJOS DO MAR
APRESENTAÇÃO
As conchas marinhas,
objecto da colecção que este catálogo apresenta, são as carapaças calcárias que
envolvem e protegem os moluscos, animais moles, invertebrados, habitantes
constantes, sempre presentes, de quase todos os oceanos, mares, lagos, do nosso
planeta, que pertencem ao grupo zoológico dos Metazoários.
Compostas, principalmente,
por carbonato de cálcio e de uma substância proteica chamada «conquiolina», as
conchas marinhas são manufacturadas pelo próprio molusco, tornando-se, por
assim dizer, o seu esqueleto externo.
Os moluscos, cujos corpos
são constituídos originariamente por cabeça, com os órgãos dos sentidos, pé, com função motora, saco visceral, que
envolve as vísceras: coração, estômago, intestino, rins, fígado, órgãos
sexuais, e manto ou pálio, prega cutânea dorsal que segrega as conchas,
dividem-se em cinco classes principais: Gastrópoda, Biválvia, Cefalópoda Escafópoda e Poliplacófora.
A
classe Gastrópoda, dos gastrópodes, a mais importante e numerosa, possui mais
de 100 000 espécies conhecidas. Os gastrópodes têm concha de uma só peça, em
geral espiralada, que pode ter a forma de barril, de capacete, de clava, de
cone, de fuso, de orelha, de ovo, de pera, de saca-rolhas, ou uma forma
irregular.
A classe Biválvia, dos
bivalves, a segunda mais importante e numerosa, possui perto de 20 000 espécies
conhecidas. Como o próprio nome indica, os bivalves possuem uma concha de duas
peças, as valvas, que podem ou não ser iguais, unidas por um ligamento, a
charneira, e pode ter a forma de barco, de coração, de disco, de leque, de pá,
de triângulo, ou uma forma irregular.
A
classe Cefalópoda, dos cefalópodes, na qual se incluem polvos, chocos e lulas,
possui entre 600 a
700 espécies conhecidas, muitas das quais não possuem concha ou têm-na interna.
Só a família dos Nautilos possui uma cocha externa em forma de capacete.
A
classe Escafópoda, dos escafópodes, possui entre 500 a 600 espécies
conhecidas. A concha destes moluscos, de uma só peça, é tubular, aberta nos
dois topos, fazendo lembrar um dente de elefante.
A
classe Poliplacófora, dos poliplacóforos ou quítones, possui cerca de 800
espécies conhecidas, todas em forma de carapaça articulada. A concha é
normalmente constituída por oito placas calcáreas unidas por um tecido carnudo
que as circunda.
Dezasseis, têm sido
geralmente aceites, as áreas ou regiões geográficas onde habitam e se
distribuem os moluscos . Elas são, por ordem alfabética do nome que se lhes
atribui, que em regra deriva do sítio em que se localizam, as seguintes:
Aleutiana; Ártica; Australiana; Boreal;
Californiana; Caraíbiana; Indo-Pacífica; Japonesa; Magalânica; Mediterrânica;
Oeste-Africana; Panamiana; Patagoniana; Peruana; Sul-Africana e Transatlântica.
As duas primeiras, por vezes reunidas, dando azo à chamada zona do Círculo
Polar; a Boreal, abrangendo o nordeste da América do Norte, o sul da Islândia e
o nordeste da Europa; a Magalânica, englobando sul do Chile, Terra do Fogo,
Antártida e as Falkland; a Transatlântica, apanhando a costa ocidental da
América do Norte, do cabo Cod à Flórida.
Mais
recentemente, surgiu um esquema geográfico alternativo com vinte zonas, que
subdivide algumas zonas do esquema anterior. Procurando seguir a mesma ordem,
verifica-se que: a Ártica mantém-se; a Aleutina e a Boreal dão lugar à
Atlântica Norte Boreal e à Pacifica Norte Boreal; a Australiana, subdivide-se
nela e na Neo-Zelandesa; a Californiana subdivide-se nela e na Oregoniana; a
Caraíbiana subdivide-se nela e na Argentina; a Indo-Pacífica e a Japonesa
mantêm-se; a Magalânica, engloba a Patagoniana e perde a Antártida; a
Mediterrânica, subdivide-se nela e na Céltica; as Oeste-Africana, Panamiana,
Peruana e Sul-Africana, mantêm-se; a Transatlântica é substituída pela
Virginiana/Caroliniana.
Na
distribuição geográfica das conchas desta colecção, optou-se pela primeira
versão apresentada.
Gastrópodes
Lapa Real
Sub-classe…..
:Prosobranchia 3 exemplares de Autor: Linneu 1758
Ordem ……… :Archaeogastrópoda 7, 7,4 e 7,6 cms Distribuição: Zona Mediterrânica
Sub-ordem… ..:Vetigastrópoda
Local: Galiza, Espanha
Super-família... :Pleurotomarioidea
Família……….: Haliotidae
Género/Espécie: Haliotis tuberculata
Bivalves
Pia Gigante
Sub-classe.......: Heterodonta 1 exemplar de Autor: Roding 1798
Ordem............ : Veneroida 21 cms Distribuição: Zona Indo-Pacífica
Super-familia....: Tridacnoidea Local: Mar Vermelho, Sudão
Família.............: Tridacnidae
Género/Espécie: Tridacna (Chametrachea) maxima
Cefalópodes
Náutilo com Câmaras
Sub-classe.......: Nautiloida 1 exemplar de Autor: Linneu 1758
Ordem.............: Nautilida 13 cms Distribuição: Zona Indo-Pacífica
Super-família....: Nautiloidea Local: (?)
Família.............: Nautilidae
Género/Espécie: Nautilus pompilius
Escafópodes
Dente de Elefante 1 exemplar de Autor: Linneu 1758
Ordem............ : Dentaliida 4,1 cms Distribuição: Zona Boreal e
Família.............: Dentaliidae Mediterrânea
Género/Espécie: Dentalium entalis Local: Portugal (?)
Poliplacóforos
Quítone Ruivo 1 exemplar de Autor: Spengler 1797
Ordem.............: Neorolicata 3,3 cms Distribuição: Zona Mediterrânica
Sub-ordem.......: Ischnochitonina Local: Portugal (?)
Super-família....: Ischnochitonidea
Família.............: Ischnochitonidae
Sub-família.......: Chaetopleurinae
Género/Espécie: Chaetopleura angulata
Despojos do Mar
Bivalves
Pia Gigante
Sub-classe.......: Heterodonta 1 exemplar de Autor: Roding 1798
Ordem............ : Veneroida 21 cms Distribuição: Zona Indo-Pacífica
Super-familia....: Tridacnoidea Local: Mar Vermelho, Sudão
Família.............: Tridacnidae
Género/Espécie: Tridacna (Chametrachea) maxima
Cefalópodes
Náutilo com Câmaras
Sub-classe.......: Nautiloida 1 exemplar de Autor: Linneu 1758
Ordem.............: Nautilida 13 cms Distribuição: Zona Indo-Pacífica
Super-família....: Nautiloidea Local: (?)
Família.............: Nautilidae
Género/Espécie: Nautilus pompilius
Escafópodes
Dente de Elefante 1 exemplar de Autor: Linneu 1758
Ordem............ : Dentaliida 4,1 cms Distribuição: Zona Boreal e
Família.............: Dentaliidae Mediterrânea
Género/Espécie: Dentalium entalis Local: Portugal (?)
Poliplacóforos
Quítone Ruivo 1 exemplar de Autor: Spengler 1797
Ordem.............: Neorolicata 3,3 cms Distribuição: Zona Mediterrânica
Sub-ordem.......: Ischnochitonina Local: Portugal (?)
Super-família....: Ischnochitonidea
Família.............: Ischnochitonidae
Sub-família.......: Chaetopleurinae
Género/Espécie: Chaetopleura angulata
Despojos do Mar
CÁPSULA DE OVO DE RAIA. A raia é
um peixe elasmobrânquio, da classe dos CONDRÍCTIOS, de esqueleto cartilagíneo e
corpo achatado, com fendas branquiais ventrais. A cápsula, de forma
rectangular, é verde acastanhada, translúcida, deixando ver o embrião em desenvolvimento. Em
cada canto da cápsula há um perlongamento, uma espécie de espigão, que serve
para a fixar.
1 cápsula de ovo de raia, de
4,5 cm,
encontrada na praia da Falésia em Vilamoura.
CARAPAÇA DE CARANGUEJO. O
caranguejo é um animal marinho, da
família dos crustáceos, com o corpo protegido por uma carapaça, cinco pares de
patas locomotoras, olhos pedunculados e duas antenas.
1 carapaça de caranguejo (portumnus
latipes Pennant), encontrado na praia da Falésia em Vilamoura
CARAPAÇA DE CRACA ou CIRRÍPEDE. A
craca é um crustáceo da família dos balanídeos, classe CIRRIPEDIA, que vive no
interior de uma carapaça formada por placas calcárias que se fecham ao ar
livre, mas que debaixo de água se abrem, permitindo ao animal a saída dos seus
apêndices:
8 carapaças de cracas, uma isolada e dois grupos: um com 3 e outro com
4.
CARAPAÇA DE OURIÇO. O ouriço é um
animal marinho de corpo esférico ou achatado, com a carapaça que o envolve
coberta de espinhos móveis articulados, da classe EQUINOIDEA, designado
equinoderme ou equinóide, a que pertencem os ouriços-do-mar e as
bolachas-do-mar ou bolachas-da-praia:
1 carapaça de ouriço-da-praia de 6,5 cm (arbacia lixula Linneu), apanhada na praia de Albufeira; 1 carapaça de ouriço-da-praia de 6,3 cm (brissus unicolor Klein), 2 carapaças de ouriços-da-praia de 3,6
e 4,3 cm (echinocardium
cordatum Pennant), 3 carapaças de
ouriços-praia de 3,5, 4,8 e 5,8
cm (psammeechinus
miliaris Gmelin), encontradas na praia da Falésia em Vilamoura; 1 carapaça de bolacha-da-praia de 7,5 cm, da Florida, EUA.
CAVALO MARINHO: espécie de peixe
que nada na posição vertical, tem o corpo coberto de placas em anel e
barbatanas dorsais com espinhos e pertence à classe OSTEICHTHYES, família
Syngnathidae:
1 cavalo-marinho (hippopuscampos),
com 7 cm.
ESTRELA-DO-MAR: animal marinho,
de corpo achatado, liso, granuloso ou com espinhos, com cinco braços, em forma
de estrela, da classe ASTEROIDEA:
4 estrelas-do-mar.
OFIÚRO: animal marinho,
invertebrado, cujo corpo é formado por um disco central e cinco braços
cilíndricos, flexíveis, serpentiformes, da classe OFIUROIDEA:
4
ofiúros (ophiura albida),
encontrados na praia da Falésia em Vilamoura.
OSSO DE CHOCO. O choco, animal
marinho, é um molusco cefalópede, também chamado siba (sepia officinalis Linneu), cujo esqueleto interno é o chamado osso
de choco que depois da morte do animal, flutua e dá à costa:
2 ossos de choco, de 11 cm, encontrados na praia
da Falésia em Vilamoura.
15 de setembro de 2017
REPETIÇÕES (3)
CORAÇÕES – 4/05/2008
Corações, é o nome
de um filme, presentemente em exibição entre nós, do realizador francês Alain
Resnais, que já há muito não nos visitava e de quem já tinhamos saudades. Alain
Resnais, é sempre indispensável recordá-lo, é o autor de um dos mais
importantes, comoventes e impressionantes filmes do cinema francês: Hiroshima,
meu amor. Ele é um dos tais 1001 filmes para ver antes de morrer.
Este Corações é um filme, leve, de uma plácida
tristeza, de uma subtil sensualidade, que nos fala de amargas desilusões, de
dores antigas, de envergonhados segredos, de inocentes mentiras. Adivinhamos
cada plano, prevemos cada movimento, não há cenas que nos sobressaltem ou
intriguem. Resnais somente nos quer envolver e entreter naquela história de
pequenas histórias de encontros e desencontros. O cinema, não apenas, mas
também é entretenimento. E, neste caso, é agradável e repousante ouvir falar
francês para desenjoar do inglês cinematográfico que nos rodeia.
*
O Carlos, o meu amigo Carlos Santos, na véspera do dia em
que morreu, daquela maldita doença perlongada, pediu-me para o acompanhar ao
quarto onde então vivia, para me entregar um embrulho com alguns jornais,
revistas, um cartaz e um livro, dizendo-me com a maior simplicidade: Tenho
mesmo que me separar deles, não os posso levar comigo, deixo-os nas suas mãos.
O Carlos era um amante fiel da França e muito especialmente
do cinema francês. No embrulho, os jornais, Les
Lettres Françaises, nºs de
Outubro e Novembro de 1965/66, e Cine-Club
(órgão da Federação Francesa de cine-clubs), nºs de1947/48/49/50/51/54,
as revistas, Ecran 72,
nºs 9 e 10. e Ecran 73, nº 20, um
cartaz da revista de cinema xsPositif, com
desenhos de Siné, e o livro, Hiroshima
mon amour, de Marguerite Duras. (15/09/2017)
14 de setembro de 2017
REPETIÇÕES (2)
CONSCIÊNCIAS MORTAS - 9/04/2008
Há dias comprei um DVD a preço de saldo, não propriamente
por esse motivo, mas por ser um western (não resisto a um filme de cowboys)
realizado por um homem chamado William Wellman e interpretado por Gregory Peck,
Anne Baxter e Richard Widmark. Muitos ainda se lembrarão dos três actores, mas
do realizador penso que poucos. O filme, Yellow Sky (entre nós, Cidade
Abandonada), de um saudoso preto e branco, data de 1948, tem um tema estafado,
uma realização segura mas sem chama, um Gregory Peck simpático, um Widmark
inquietante, e uma Anne Baxter desenvolta, mas ainda longe da sublime EVA que
lhe valeu um Óscar. E sobre o filme está tudo dito. Aliás a notícia é apenas o
pretexto, para eu recordar um outro, também de Wellman, chamado The Ox Bow
Incident (entre nós, Consciências Mortas), de 1943, esse, sim, uma obra- -prima
indiscutível. Um filme relativamente pouco conhecido que na verdade nunca me
canso de recordar. Foi, então, muito mal recebido nos EUA e chegou a ser
proibido em Inglaterra, na altura, repleta de soldados americanos a
prepararem-se para o desembarque na Normandia.
É a história infame de um linchamento. Três homens, três vaqueiros, são acusados de terem invadido um rancho, tendo roubado e morto os donos. De nada lhes vale reclamar inocência, sendo enforcados no próprio local onde tinham acampado para passar a noite. Mas logo após a execução vem-se a saber que não tinham sido eles os assassinos.
É um episódio terrível que uma linguagem fílmica de grande sobriedade, rigor e contida emoção, inteligentemente, escalpeliza. Como esquecer a imagem daqueles ramos descarnados das árvores, com as cordas a balouçar, recortados contra o céu, ou o devastador final, em que o forasteiro, que impotente a tudo assistiu, lê, no salão onde todos os responsáveis estão reunidos, a carta que uma das vítimas escreveu à mulher e aos filhos a despedir-se.
Vi, pela primeira vez, Consciências Mortas, no velho e pecaminoso Olímpia, onde o filme se estreou. Sei que saí com as lágrimas nos olhos e um soluço na garganta. Tinha então quinze ou dezasseis anos. Mas quando muitos anos depois o voltei a ver, a emoção invadiu-me de novo. Ele é, sem dúvida, um dos filmes de cowboys da minha vida.
CONSCIÊNCIAS MORTAS -10/04/2008
É a história infame de um linchamento. Três homens, três vaqueiros, são acusados de terem invadido um rancho, tendo roubado e morto os donos. De nada lhes vale reclamar inocência, sendo enforcados no próprio local onde tinham acampado para passar a noite. Mas logo após a execução vem-se a saber que não tinham sido eles os assassinos.
É um episódio terrível que uma linguagem fílmica de grande sobriedade, rigor e contida emoção, inteligentemente, escalpeliza. Como esquecer a imagem daqueles ramos descarnados das árvores, com as cordas a balouçar, recortados contra o céu, ou o devastador final, em que o forasteiro, que impotente a tudo assistiu, lê, no salão onde todos os responsáveis estão reunidos, a carta que uma das vítimas escreveu à mulher e aos filhos a despedir-se.
Vi, pela primeira vez, Consciências Mortas, no velho e pecaminoso Olímpia, onde o filme se estreou. Sei que saí com as lágrimas nos olhos e um soluço na garganta. Tinha então quinze ou dezasseis anos. Mas quando muitos anos depois o voltei a ver, a emoção invadiu-me de novo. Ele é, sem dúvida, um dos filmes de cowboys da minha vida.
CONSCIÊNCIAS MORTAS -10/04/2008
Não pensava voltar ao tema, mas quando se fala de cinema,
quando falo de cinema, as recordações são avassaladoras e é difícil travá-las.
A paixão é já mais, muito mais, contida, mas ainda existe.
O filme, "Cidade Abandonada", fez-me recordar o,
"Consciências Mortas", e este, por sua vez, muitos outros, embora
seja só um deles que pretendo trazer à baila, "Seven Man From Now"
("Sete Homens Para Abater", entre nós).
Mais um filme de cowboys, também ele pouco conhecido, também
ele estreado, modestamente, no Olímpia. E também ele, digo, excelente, para não
sobrecarregar a expressão obra-prima. Antes de prosseguir, um passo atrás, para
voltar a "Consciências Mortas", e dizer o que não disse, que dos três
enforcados, um era interpretado por Anthony Queen e outro por Dana Andrews, e
que o forasteiro que lia a carta era o Henry Fonda, aquele Henry Fonda que três
anos antes, no papel de Tom Joad, de "As Vinhas da Ira", de John
Ford, jura à mãe, antes de partir, estar sempre presente onde houvesse uma injustiça,
para contra ela protestar. E ele estava lá! "Sete Homens Para Matar"
é de um realizador pouco badalado, chamado Budd Boetticher. Foi um artigo
extremamente elogioso do crítico francês André Bazin que me alertou para o
filme e me fez correr para o Olímpia logo que soube que ele estava lá a ser
exibido.
É uma história trágica e violenta. Uma mulher é assaltada,
violada e morta, por sete meliantes, na ausência do marido. Este parte em
perseguição dos assassinos, para os apanhar e fazer justiça. A caminhada é longa,
a pradaria é bela e selvagem, as peripécias são muitas, há encontros
inesperados, a justiça é feita, a pouco e pouco. Mas não há banhos de sangue,
não há violência gratuita. A morte de um homem pode ser dada através de o som
de um tiro, do sobressalto de um cavalo e do seu olhar espavorido. É uma das
sete maneiras. O herói é o canastrão do Randolph Scott, um cara de pau que
Boetticher consegue transformar num marido pesaroso, mas muito íntimo, e num
excelente pistoleiro. Boetticher é sóbrio, inventivo, tem o sentido do trágico,
mas também do humor. Fez sete westerns, e este é aquele que deveria constar
daquela lista de "1001 filmes para ver antes de morrer". E não é!
*
Continuo a gostar de cinema, e muito, mas cada vez me atrai menos o ir ao cinema. Mas se algum destes filmes nos visitasse de novo, iria até eles estivessem onde estivessem. (14/09/2017)
13 de setembro de 2017
REPETIÇÕES (1)
Eramos todos crianças, primos e primas, e eu era o Manojas. Penso que lhes dava mais jeito do que chamarem-me Manuel. Até era giro, era só entre nós, não era repetitivo, apenas ocasional, e só durou o tempo do nosso convívio, que não foi longo. O Manojas não perdurou, felizmente nunca se me agarrou. A verdade é que sempre aborreci alcunhas, pseudónimos ou o que quer se lhes chame.
Parecia, pois. ter sido esquecido, e esquecido esteve muitos e muitos anos, mas quando me resolvi a ter um blogue e matutei no nome que lhe havia de dar, ele foi a opção escolhida: MANOJAS.
Iniciei o MANOJAS há dez anos e dois meses, precisamente no dia 6 de Julho de 2007, com o texto
Cronologia do Fantástico, da Ficção Científica e Géneros afins na novelística portuguesa, que, como relatei em ESCRITOS (3), mereceu uma pequena edição de autor, destinada a familiares e amigos, em 2011, mantendo com alguma regularidade a actividade do blogue até 2013. Nesse ano optei por uma pausa, com uma última intervenção em 17 de Abril, pausa essa que durou até ao dia 12 de Agosto deste ano, dia em que anunciei o meu regresso ao MANOJAS, para falar de mim e das minhas coisas. E assim tem acontecido com os relatos sobre a BIBLIOTECA, os ESCRITOS, as TRADUÇÕES, e, agora, também com as REPETIÇÕES.E a primeira é:
Parecia, pois. ter sido esquecido, e esquecido esteve muitos e muitos anos, mas quando me resolvi a ter um blogue e matutei no nome que lhe havia de dar, ele foi a opção escolhida: MANOJAS.
Iniciei o MANOJAS há dez anos e dois meses, precisamente no dia 6 de Julho de 2007, com o texto
Cronologia do Fantástico, da Ficção Científica e Géneros afins na novelística portuguesa, que, como relatei em ESCRITOS (3), mereceu uma pequena edição de autor, destinada a familiares e amigos, em 2011, mantendo com alguma regularidade a actividade do blogue até 2013. Nesse ano optei por uma pausa, com uma última intervenção em 17 de Abril, pausa essa que durou até ao dia 12 de Agosto deste ano, dia em que anunciei o meu regresso ao MANOJAS, para falar de mim e das minhas coisas. E assim tem acontecido com os relatos sobre a BIBLIOTECA, os ESCRITOS, as TRADUÇÕES, e, agora, também com as REPETIÇÕES.E a primeira é:
UM “ÓSCAR” INJUSTO – 1/03/2008
Ganhou quatro Óscares, um deles o de melhor filme, e
chama-se, "No Country for Old Men". Em português deu-se-lhe o nome,
não inteiramente feliz, de, "Este País Não É para Velhos". É um filme
que, na minha opinião, só tem a virtude, não recomendável, da excelência formal
com que trata a violência, o que é muito pouco, ou devia ser, para merecer o
Óscar de melhor filme. Então, em todo o ano de 2007, Hollywood não produziu
nada de melhor do que este requintado exibicionismo de violência gratuita?
Então, " O Vale de Elah", o "Haverá Sangue", ou até o
"Michael Clayton", para só falar dos que estão agora em exibição, não
serão filmes muito mais importantes, muito mais profundos, muito mais sérios,
embora menos cuidados formalmente? Penso que sim!
UM “ÓSCAR” INJUSTO – 13/09/2017
O argumento do filme, realizado pelos irmãos Coen é retirado, do livro com o mesmo nome, do
escritor Cormac McCarthy. Realizadores e escritor são norte-americanos e a
história do livro, que é a história do filme, é de uma violência tipicamente
norte-americana, de uma violência bem característica dos livros e filmes
norte-americanos.
Não está em causa nem o virtuosismo dos cineastas nem a
maestria do romancista, que são evidentes, mas o facto desses atributos serem
utilizados, como eu então escrevi, para um «requintado exibicionismo de
violência gratuita».
Li o livro depois de ver o filme (devia ter sido ao
contrário), mas não mudei de opinião.
6 de setembro de 2017
5 de setembro de 2017
1 de setembro de 2017
A PROPÓSITO! (2)
Teria ficado bem mais descansado se a Direita, partidária e não partidária, não tivesse ficado tão silenciosa, tão sem reacção, face à lição, em muitos aspectos indigna de um ex-presidente da república, que Cavaco Silva deu aos Jotas, na Universidade de Verão do PSD. Sem coragem para elogiar tão triste espectáculo, a Direita fingiu-se distraída, mas como terá apreciado, entre tantos dislates, aquelas tretas sobre a revolução socialista. Ou muito me engano ou a fantasiosa revolução socialista vai ser tema explorado nas próximas eleições autárquicas, e também nas legislativas, para meter medo aos incautos.
A PROPÓSITO!
O retorno do cavaquismo, com ou sem Cavaco, usando ou não outras vestes, servindo-se ou não de outro linguajar, como tem acontecido com outros ismos, não é uma quimera. Há exemplos, não são pouco, não são remotos. A História só não se repete se se impedir a sua repetição.
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