Hoje, 30 de Junho, de manhã, como todos os dias, sou de hábitos, saio e vou ao quiosque do Joâo comprar o jornal, o Público; do mal o menos. Está, como sempre, pousado ao lado do manhoso C.da M., para o qual sempre evito olhar para não me agoniar. Vou para casa, o único sítio onde, verdadeiramente, gosto de ler, onde só, como estudante, estudava com proveito, nunca em esplanadas ou cafés, gostos não se discutem, e folheio-o. Na página que completa a página do editorial, como sempre sob o título Escrito na Pedra, uma frase: O país não precisa de quem diga o que está errado; precisa de quem saiba o que está certo, da autoria de Agustina Bessa-Luís. Fico surpreso, sem grande razão para tal, só pelo facto de não ser grande apreciador dos livros da escritora, embora reconhecendo o seu valor literário, e disse para comigo que duvidava que tivesse sido o Carvalho, director do jornal, a escolher tal sentença. Mas se foi, então que a siga. No entanto, bem intencional, a frase é de anos atrás, e, creio, proferida durante uma situação política do país, mais ao seu gosto, bem diferente da actual, ou Agustina Bessa-Luís não a teria dito ou escrito. Continuo a folheá-lo e, deixando para mais tarde, a Economia, o Mundo, o Desporto, a Cultura, vou à última página que ao domingo está a cargo do ex-socialista ressabiado, V. Jorge Silva, antevendo o que ia encontrar. Não me enganei. No artigo, "O país da bússola perdida", empola o que considera estar errado, teimando não saber o que está certo. Para ele a desafinação do "país da bússola política perdida", revela um Governo dividido nas suas sete quintas, onde prevalece a regra do salve-se quem puder", Centeno está absorvido a celebrar o défice e entende que o SNS está melhor do que estava, o primeiro-ministro anda enervado por causa das esperas no cartão do cidadão. Enfim, está tudo mal, está tudo pela ruas da amargura. V. Jorge Silva acamarada bem com outro cliente da última página,o comissário presidencial do 10 de Junho, J.M.Tavares, não o confundir, por favor, com o historiador Rui Tavares. Não, o jornalista J.M. Tavares é, presentemente, "o justiceiro-mor e pregador moral do reino", conforme o classifica Sousa Tavares (é notório que há Tavares bons e Tavares maus), no seu corajoso e excelente artigo, Os Intocáveis..
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