28 de novembro de 2012

Alternativa V

Ouvir Vitorino, político socialista, ex-ministro e ex-comissário europeu, é sempre um prazer, pela forma como expõe, e sempre útil, pelo conteúdo do que diz. Deu ontem uma entrevista à TVI,  feita pela Judite de Sousa, sobre a situação do país. Desejo só referir-me ao seguinte. A uma pergunta sobre a eventual queda do governo, Vitorino diz, grosso modo, que isso provocaria uma crise política que é o que o país menos precisa. Ou seja, depreende-se, do que o país menos precisa é de eleições, o que sempre aconteceria se o governo caísse, pois, diga-se, em aparte, Vitorino discorda, e bem, de governos de iniciativa presidencial.        Judite não perguntou, então, a Vitorino, se não achava que em crise política já o país andava há muito tempo. Se achava que só se deveria ir para eleições quando o pais estivesse devastado, com um desemprego galopante, um povo empobrecido, esfomeado, uma economia inexistente. Se achava que só se deveria ir para a única solução aceitável de uma alternativa, ou seja eleições, depois do descalabro que o orçamento de estado para 2013, em que ele próprio não acreditava, iria provocar. Se achava que se o governo caísse e fossemos para eleições, a Europa nos fechava a porta, preferindo um Portugal obediente e bem comportado, a um Portugal  que não aceitava uma austeridade selvagem imposta por uma troika mercenária, não aceitava ser transformado num mercado de mão de obra barata, cada vez menos qualificada, ao serviço dos países ricos, mas estava disposto a respeitar os seus compromissos e cumprir os seus deveres, mantendo os seus direitos de pais soberano e europeu. Era isto, no mínimo, que gostaria que tivesse sido perguntado a Vitorino.

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