3 de janeiro de 2013

Chandler & Marlowe

Faço parte da legião dos admiradores de Raymond Chandler, consequentemente, não podia deixar escapar o primeiro número da LER deste ano, que anunciava na primeira página: PHILIP MARLOWE volta com John Banville. John Banville é um escritor irlandês que parece pertencer à lista de candidatos ao Nobel. Confesso que para mim é um desconhecido. No interior da revista há uma entrevista com o escritor que revela que será o seu pseudónimo, Benjamim Black, que assinará o seu livro sobre Marlowe, e emite algumas opiniões que me deixam algo perplexo. Claro que Marlowe não existiu, mas considerá-lo apenas um personagem literário e não querer sentir que ele existiu ou podia ter existido, como creio que Chandler tenha chegado a sentir, não me parece a melhor abordagem. Dizer que vai tornar Marlowe mais duro, que ele era um sentimental, que nos seus livros há pouco sexo, que ele, inimaginavelmente,  não evitava avançar para situações em que podia ser espancado ou mesmo morto, que era alcoólico, que estava apaixonado por Terry Lennox,  parecem-me ideias preocupantes e erradas. Desconfio que John Banville, na altura da entrevista, ainda não tinha lido ou relido, com a devida atenção, os romances e as cartas de Chandler sobre Marlowe. O que irá ele fazer de Marlowe e em que época situará ele a história sobre Marlowe? Philip Marlowe morreu no dia em que morreu Raymond Chandler, no dia 29 de Março de 1959. No meu livro, Chandler & Marlowe, por mim editado, apenas escrito para familiares e amigos, descrevi a morte de Marlowe, onde e como ela se verificara, e num capítulo, que posteriormente escrevi, para uma hipotética 2ª edição desse livro imagino o encontro entre Chandler e Marlowe, antes do primeiro enveredar pela vida de escritor e o segundo pela detective particular. Lamento, sorridente, que Benjamim não tenha oportunidade de os ler.   

Sem comentários: