23 de agosto de 2019

Entrevista

Refiro-me à entrevista dada ao jornal Público, por Domingos Lopes, publicada na terça-feira passada. Domingos Lopes, ex-militante e dirigente do PCP, que foi secretário de Álvaro Cunhal nos governos provisórios pós 25 de Abril. Eu aconselharia a sua leitura e reflexão aos militantes e dirigentes do PCP. "O PS é um partido sem o qual  nem o PCP nem o BE conseguem fazer alterações na sociedade portuguesa.", O PCP vive a contradição insuperável de se considerar único e, ao mesmo tempo, perceber que não o é.", "E o PCP que tem sempre razão e são os outros que estão errados, é um partido que não tem futuro.", "Se reparar, pela Europa fora, aqueles que não mudaram a tempo, desapareceram.", "O PCP pode definhar, definhar, até deixar de contar", são algumas das considerações críticas do entrevistado, certeiras, incontestáveis. rematadas com uma quase blasfémia, que ele explica: "Álvaro Cunhal deixou um lastro que não é favorável ao PCP."
Mas Domingos Lopes também cometeu uma inconfidência, divulgando um dito, quase uma graçola sem graça, que o jornal noticiou em grandes parangonas, como se tratasse duma bomba: "Em 1974, Marcelo disse-me que era marxista não-leninista". O que Domingos Lopes contou, referindo-se a acontecimentos verificados na Faculdade de Direito, em 1974, foi o seguinte: "Naquela altura, em que todos eram socialistas, também lá havia um assistente, o dr. Marcelo Rebelo de Sousa. Já nessa altura capaz de coisas extraordinárias. Uma vez disse-me que era marxista não-leninista. Olhava-se para ele e via-se logo que era um pilar do marxismo". Uma boutade, claro, ele era marxista uma ova. Mas homem de Direito, atento, culto, inteligente, não duvido que tenha lido, compreendido e apreciado Karl Marx. Karl Marx, pensador genial, crítico implacável da sociedade liberal, capitalista e burguesa, que não pode ser só visto como o profeta da sociedade comunista                                                                  

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