24 de maio de 2020
Ai, Jerónimo
Jerónimo de Sousa deu ontem uma entrevista ao Diário de Notícias. Não a li toda, mas dei-lhe uma vista de olhos, não por desconsideração, mas por cansaço. Uma frase do secretário-geral do PCP que o jornal estampou na primeira página chamou-me a atenção. Ela, aliás, não foi lá posta por acaso. A frase era: Está nas mãos do PS impedir que o governo caia. E a primeira pergunta que iria provocar tal frase era a seguinte:
A 23 de março de 2011, o PCP votava ao lado do BE, PSD e CDS para chumbar o PEC IV. Seguiu-se a demissão do governo, o resgate e quatro anos e pouco de uma maioria de direita. Colocado perante um desafio semelhante, de ter de aprovar medidas de austeridade assinadas pelo actual governo, como irá o PCP reagir? Não é difícil perceber o que Jerónimo quis dizer, apesar duma argumentação muito rebuscada. Vangloriando-se da sua coerência, o PCP, sejam quais forem as consequências, está disposto a não impedir a queda do governo, caso este aprove medidas que o PCP desaprove.
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18 comentários:
Austeridade?
m
Não é a palavra que me assusta, mas sim como é interpretada e utilizada, como fez Passos Coelho com o beneplácito dos seus acólitos
Sério?
O Costa acha que é um mal absoluto. Mas como isso é algo que não existe, na realidade não sabes o que ele acha.
O que ele ou eles acham não me incomoda, o que ele ou eles fazem é que é importante, e o que ele já fez, queiram ou não reconhecer, é francamente positivo.
Por exemplo?
Por exemplo, a escolha do Centeno e da sua equipa para realizarem aquilo que realizaram, e o alargamento do arco da governaçâo, e a credibilidade que o país tem obtido, e a melhoria do SNS que o governo do Coelho deixou na penúria.
Realizaram o quê? Baixaram o défice? É isso?
Estás a desconversar, assim não vale a pena. Esperemos então, como desejas, que 0 PSD volte ao poder, para termos défice baixo, uma dívida desaparecida, uma situação financeira e económica excelente, baixa de impostos, aumento de salários. Será com o Rui Rio ou com o regresso do Passos Coelho? E o Sarmento nas finanças? Explica lá.
É indiferente com quem é. Desde que tenham a coragem de o fazer.
Fazer nada ou fingir que faz e nada faz é que é mau para o país.
Muito bem, esperemos então pelo PSD e pela coragem que ele trouxer no bolso para tirar o país da cauda da Europa
Não é preciso desistir já. Até agora não se viu grande coisa, mas agora vêm os milhões da Europa. O Governo tem aí uma grande oportunidade. Esperemos que aproveite para corrigir.
Os milhões da Europa vêm para os países da Europa não porque nesses países não se via grande coisa mas, exclusivamente, para tentar compensar os efeitos negativos provocados pela pandemia. Não para corrigir, mas para compensar, para recuperar. Não distorças.
Se o dizes... Mas fica a esperança.
Sim, a esperança que os 15MM euros que a Europa nos atribui sejam bem geridos pelo governo (seja ele qual for) que os receberá, não só para atingir o nível que já se tinha, nas finanças, na economia, no emprego, na saúde, no ensino, no turismo, no futebol, mas, naturalmente, ir bastante mais longe (sem politiquices). É o que todos pretendemos, ou devemos pretender.
Não é preciso tanto. O bom é inimigo do óptimo. Bastava que escolhessem uma ou duas áreas. Por exemplo, formação e saúde. São dois setores críticos. O primeiro para a economia e o segundo para o bem-estar. Estamos no fundo da escala em termos de escolaridade básica da população activa e no topo em termos de desperdício na saúde.
Apresentavam um plano com medidas concretas, com um caderno de encargos e um mapa de quantidades e justificativo das mesmas. Comprometiam-se com ele. Executavam, doa a quem doer, como se costuma dizer. E avaliavam regularmente sem tosses ou hesitações.
É claro que para isto é preciso coragem e peso político. Ou seja, um verdadeiro estadista.
Não vou discutir o teu plano, não tenho nenhum a contrapor, não tenho competência para tal, diz-me só se conheces algum estadista que o pudesse aprovar e avançar com ele.
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Neste momento as únicas possibilidades seriam o Costa ou o Rio, mas nenhum deles, por razões diferentes, parece estar em condições.
No entanto, surgiu agora uma oportunidade de ouro: o dinheiro da Europa. Esperemos que desta vez consigamos estar à altura.
A ideia do Costa de nomear um supergestor para o efeito não é má, mas para este ser eficaz o Costa terá de se atravessar, provavelmente várias vezes, por alguém que nem sequer está no Governo. Veremos.
Existem uns indicadores que são bons para avaliar o progresso da coisa: os chamados custos de contexto. Eles têm-nos mantido amarrados à falta de competitividade, têm impedido a convergência com a Europa e permitido que países que entraram na Europa depois de nós e em condições piores nos tenham ultrapassado. Todos eles são da responsabilidade do Estado. Nomeadamente, o grau de burocracia, a celeridade da justiça, a flexibilidade do sistema laboral, a estabilidade e a competitividade fiscal. Todos eles exigem poder e dinheiro para serem melhorados.
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