20 de maio de 2020

Presidenciais (2)

Manuel Alegre também discordou das declarações futuristas do primeiro ministro sobre o PR, e então, como bom socialista, logo correu para os jornais denunciando António Costa. Agora vai falar com Ana Gomes, não para lhe dizer que vota nela, porque o PS pode ainda vir a ter outro candidato melhor, mas combinar se vão ambos pedir a destituição por este não respeitar as regras do PS e lhes chamar parvos. Será que Manuel Alegre e Ana Gomes não conseguem compreender que o que o político António Costa fez foi fazer política? Costa sabe que o PS não tem candidato para vencer Marcelo, por isso descartou a ideia, sabe que antecipando-se ao PSD e ao CDS os desarmou, sabe que com o bom relacionamento que tem havido com o PR está fortalecer-se a si, ao governo e ao PS, sabe que está a declarar ao país que é a estabilidade do país a sua prioridade. Por favor, digam que não tenho razão e expliquem o que diabo andam a pensar, o que diabo andam a querer fazer, que não é o protagonismo o que os move.

4 comentários:

smooth_word disse...

A meu ver está a fazer a leitura certa. O PS não tem candidato à altura e o António Costa fez uma leitura futurista correta. Mas como nem todos gostam do cor de rosa e não se consegue agradar a gregos e troianos, acompanhemos, com serenidade os próximos episódios. Bem haja!
Sandra

Unknown disse...

m

Unknown disse...

Neste caso a palavra certa não é protagonismo, mas ambição e necessidade.
Marcelo age para ficar para a história. E a única forma de o conseguir é ser melhor que Soares e Cavaco. Precisa do apoio de Costa e de Rio. Aliás, quer todos os apoios que aparecerem - do céu, do inferno, do meio, enfim todos.
Costa precisa de Marcelo para os anos difíceis que aí vêm, para decapitar a oposição interna e deixar o caminho aberto para algum cargo internacional, provavelmente na Europa - apetecível e ao alcance, sobretudo depois da saída dos britânicos. O contraste que alimenta com os holandeses é a sua forma de conseguir - aqui sim - o protagonismo que precisa no teatro europeu.
É pouco provável que o apoio de Costa a Marcelo não tenha sido combinado previamente entre os dois. Ambos vivem da política e para a política - não têm outros horizontes. Para ambos o país é apenas o contexto.
Marcelo ainda tentou impor um estilo. E em parte conseguiu. Mas é uma originalidade fugaz e tão pessoal que está condenada a desaparecer com ele. Ainda assim o país fica a dever-lhe um certo elan e reforço da sua credibilidade.
Costa é um político hábil que quer viver na esfera do poder tanto quanto puder. É-lhe completamente indiferente fazer ou dizer uma coisa ou o seu contrário, desde que se mantenha à tona. Não se lhe conhece qualquer ambição para o país, nem em geral nem em alguma área específica. Por ele tudo ficará na mesma como a lesma, desde que lhe seja permitido progredir na sua carreira política.
Fez os mínimos e a credibilidade do país não diminuiu, bem pelo contrário, o que é positivo.

Então qual é o problema? Não serão estes dois exemplos de grandes estadistas.

São sem dúvida dois estadistas, mas fracos.

O problema é que o país precisa de muitíssimo mais.

Se fossemos um país desenvolvido, próspero, rico, forte, com rating AAA, com justiça célere e eficaz, com administração ágil e eficiente, com um nível de vida e bem estar elevados, com uma força da trabalho altamente educada e qualificada, uma segurança social sólida, muitos ricos, grande classe média, poucos pobres, no pelotão da frente da Europa e não na cauda, etc, etc, neste caso, tudo fazer para manter tudo na mesma seria sem dúvida a marca de um grande estadista.

O problema é que ainda estamos longe de ser um país com estas características. E, por isso, estadistas que nos mantêm na mesma, estadistas sem ambição para o país, só podem ser considerados fracos estadistas.

Manel

MANOJAS disse...

Marcelo vir a ser melhor do que Soares não será fácil, ser pior que Cavaco impossível.
Dizer que Marcelo e Costa vivem da política para a política e que para eles o país é apenas o contexto é mero insulto. Desconsiderar Costa pelo que ele tem feito e faz pelo país, esquecendo e até aplaudindo o país que lhe deixou o antecessor, é apenas politiquice. E de politiquice é o que o país menos precisa.