Nasci em 1928, um ano muito próximo do ano em que nasceu o dito Estado Novo/Ditadura, malfadado(a). A pesar disso, desde que tive consciência, desde que comecei a conhecer o país em que nascera, a conhecer a história do meu país, de Portugal, que comecei a ter orgulho em ser português. O glorioso 25 de Abril de 1974 veio tarde, mas muito a tempo de confirmar que eu tinha razão. A mesma razão que, certamente, tiveram aqueles que aspiraram e lutaram, sem nunca desistir, que tal dia acontecesse. E convicto dessa certeza, recordo, deles, os três políticos mais importantes dos três partidos políticos mais importantes do nosso país: Álvaro Cunhal, Mário Soares, Sá Carneiro. Viva o 25 de Abril, viva Portugal.
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3 comentários:
Viva o 25 de abril. Sempre!
o que falta mesmo é cumprir abril. Viva!
AS PORTAS QUE ABRIL ABRIU
Era uma vez um país
onde entre o mar e a guerra
vivia o mais infeliz
dos povos à beira-terra.
Onde entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo se debruçava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.
Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raiz
tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro
tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro
que dormia com o gado
onde tossia o mineiro
em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro
quem nascia desgraçado.
Era uma vez um país
de tal maneira explorado
pelos consórcios fabris
pelo mando acumulado
pelas ideias nazis
pelo dinheiro estragado
pelo dobrar da cerviz
pelo trabalho amarrado
que até hoje já se diz
que nos tempos do passado
se chamava esse país
Portugal suicidado.
Ali nas vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
vivia um povo tão pobre
que partia para a guerra
para encher quem estava podre
de comer a sua terra.
Um povo que era levado
para Angola nos porões
um povo que era tratado
como a arma dos patrões
um povo que era obrigado
a matar por suas mãos
sem saber que um bom soldado
nunca fere os seus irmãos.
ARY DOS SANTOS
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