Uma edição, com nova tradução, de um livro do escritor Raymond Chandler, tratando-se para mais do seu romance de maior apreço, daquele que, mais do que qualquer outro, atravessa a fronteira entre o bom policial e o bom romance, não se pode deixar que passe em claro. Eu não posso! Contista, romancista, epistológrafo, Chandler faz parte, por direiro próprio, do rico filão dos escritores norte-americanos da primeira metade do século XX, que inclui, entre outros, Dreiser, Fitzgerald, Hammett, Hemingway, Salinger. A vasta e variada bibliografia sobre a sua obra testemunha-o à evidência.
Ainda não tive ocasião de apreciar esta nova tradução que oxalá não desiluda e esteja à altura da de Mário-Henrique Leiria, a primeira, já velhota, salvo erro, de 1954.
Sobre Chandler e a sua obra, escrevi um pequeno livro que intitulei: Chandler & Marlowe. Trabalhei nele durante quinze anos, com muitas interrupções, naturalmente, e terminei-o, à pressa, em fins de 2004, quando descobri que, no ano seguinte, Philip Marlowe, o detective criado por Chandler, e protagonista de todos os seus romances, faria 100 anos, se tivesse existido e fosse vivo. E em 2005, prestando homenagem ao centenário da criatura, editei o livro, 50 exemplares, para oferecer a familiares, amigos e conhecidos. E por aí me fiquei.
A descoberta dos 100 anos tem uma explicação. Em The Big Sleep, seu romance de estreia, Chandler pôs o detective, logo no início, a declarar que tinha 33 anos. Ora o livro, embora publicado em 1939, foi escrito em 1938, e se Marlowe revela ter 33 anos, é porque teria nascido em 1905, o que é o mesmo que dizer que o centenário do seu nascimento cai em 2005. Simples e conciso.
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