15 de setembro de 2017

REPETIÇÕES (3)



CORAÇÕES – 4/05/2008
Corações, é o nome de um filme, presentemente em exibição entre nós, do realizador francês Alain Resnais, que já há muito não nos visitava e de quem já tinhamos saudades. Alain Resnais, é sempre indispensável recordá-lo, é o autor de um dos mais importantes, comoventes e impressionantes filmes do cinema francês: Hiroshima, meu amor. Ele é um dos tais 1001 filmes para ver antes de morrer.
Este Corações é um filme, leve, de uma plácida tristeza, de uma subtil sensualidade, que nos fala de amargas desilusões, de dores antigas, de envergonhados segredos, de inocentes mentiras. Adivinhamos cada plano, prevemos cada movimento, não há cenas que nos sobressaltem ou intriguem. Resnais somente nos quer envolver e entreter naquela história de pequenas histórias de encontros e desencontros. O cinema, não apenas, mas também é entretenimento. E, neste caso, é agradável e repousante ouvir falar francês para desenjoar do inglês cinematográfico que nos rodeia.

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O Carlos, o meu amigo Carlos Santos, na véspera do dia em que morreu, daquela maldita doença perlongada, pediu-me para o acompanhar ao quarto onde então vivia, para me entregar um embrulho com alguns jornais, revistas, um cartaz e um livro, dizendo-me com a maior simplicidade: Tenho mesmo que me separar deles, não os posso levar comigo, deixo-os nas suas mãos.
O Carlos era um amante fiel da França e muito especialmente do cinema francês. No embrulho, os jornais, Les Lettres Françaises, nºs de Outubro e Novembro de 1965/66, e Cine-Club (órgão da Federação Francesa de cine-clubs), nºs de1947/48/49/50/51/54,
as revistas, Ecran 72, nºs 9 e 10. e Ecran 73, nº 20, um cartaz da revista de cinema  xsPositif, com desenhos de Siné, e o livro, Hiroshima mon amour, de Marguerite Duras. (15/09/2017)  


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