20 de maio de 2018

DE CAMPO D'OURIQUE


 
          Campo d’Ourique, bairro onde nasci e sempre vivi, e vivo, tem, finalmente, uma Biblioteca Municipal, inaugurada já o ano passado, em Abril de 2017, no Dia Mundial do Livro.
            Ei-la, no espaço do velho e saudoso cinema Europa, rival do velho e saudoso cinema Paris, da freguesia irmã. a Estrela, este fechado e reduzido a uma vergonhosa degradação. Ambos, por assim dizer, ao pé da porta, é, sim, com saudade, que os recordam os meus preguiçosos 89 anos. Dois cinemas, de reprise, que, diariamente, em duas sessões, uma à tarde e outra à noite, exibiam dois filmes em cada uma delas, não os mesmos, evidentemente.
        Pois, voltando à Biblioteca, recordo que ao saber da iniciativa, muito antes, pois, da  inauguração, veio-me o propósito de oferecer à dita, muitos dos meus livros, tendo disso dado conta ao Presidente da Junta de Freguesia, através de duas cartas, a primeira a 29 de Dezembro de 2015, em que me apresentava e o informava da minha intenção, a segunda, de insistência, face ao silêncio, em 29 de Janeiro de 2016, e, posteriormente, através de um e-mail, a informar a Junta da minha oferta. E terá sido, presumo eu, esse e-mail, a provocar, então, a breve carta-resposta de 23 de Fevereiro, nada consentânea com o teor das duas que eu enviara, na qual o Presidente da Junta se limitava a  agradecer a proposta, informando, que apenas gostaria de considerar a oferta um pouco antes da abertura da Biblioteca, aliás, do Centro Cultural de que ela faria parte.
           Já não foi grande a surpresa, mas a verdade é que nunca cheguei a ser contactado, nem antes nem depois da inauguração. Naturalmente, lamentei-o, pois considerava, como considero, que, por pouco que fosse, alguns dos livros da minha biblioteca, a escolher, poderiam valorizar, reforçar, a Biblioteca Municipal.
          Sim, tenho uma biblioteca, toda ela espalhada pela casa onde habito, dado não haver um só compartimento com capacidade para albergar todos os livros que a compõem. Sim são demasiados (cerca de 3.000), mas como resistir à vontade de os ter, para, além de os ler, voltar a ler, e tornar a ler? Gosto de livros, sempre gostei, mas além de os ler,  gosto também de os ver e ter, à vista e à mão, para os recordar, consultar, manusear. Adiante!
          Enfim, já algo desmotivado, desinteressado face ao desinteresse com que a minha proposta estava a ser recebida, mas por descargo de consciência e alguma curiosidade, no dia 19 de Abril do ano em curso, enviei uma terceira carta ao Presidente da Junta, relembrando-lhe o assunto, pondo-me à disposição. E fiquei à espera!
             E cá estou à espera!

1 comentário:

Miss Lady disse...

Lamentável, é a única palavra sem recorrer a nenhuma expressão mais vernácula.
Toca a divulgar!