Não votei no professor Cavaco Silva para a Presidência da República, por alinhar nas reservas à sua personalidade política vindas de vários quadrantes. Reconheço, no entanto, que até ao presente tais reservas não se confirmaram, muito pelo contrário. Aliás, nunca nelas se incluiu, creio, o seu relacionamento com a Madeira, mais precisamente com o "patrão" dela, que sempre foi de algum distanciamento e prudência. E, por isso, a minha perplexidade quanto ao que se está a passar com a viagem à dita. Como é possível que o Presidente da República aceite a substituição duma sessão solene, de boas vindas, na Assembleia Regional, por um jantar, e não reaja, na hora, às declarações insultuosas do senhor Alberto João Jardim, que os noticiários televisivos transmitiram, e os jornais registaram, para todo o país? O bando de malucos (houve outros mimos) a que ele se refere é ao conjunto de deputados da oposição eleitos democraticamente pelos madeirenses. É, na verdade, um mistério ainda não desvendado, a complacência sempre havida para com as acções e declarações provocatórias de quem quer, pode e manda do Presidente Regional da Região Autónoma da Madeira, por muita autónoma que ela seja, e ainda muito mais queira ser.
António Vitorino, em amena conversa com Judite de Sousa, ambos algo divertidos, nas suas últimas notas televisivas, embora condenando a permissividade do Presidente, ao aceitar não ser recebido pela Assembleia Regional, louvou a obra e condenou o estilo do senhor da Madeira. Quanto à obra, era só o que faltava que depois de tantos anos de poder absoluto, nada tivesse sido feito de positivo e até de bonito. Mas quanto custou e a quem custou a dita obra? E as opções terão sido as melhores? Talvez um dia se venha a saber. Quanto ao estilo, chamar estilo ao habitual, indigno e triste comportamento da pessoa em questão, é, realmente, ser muito complacente.
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