10 de abril de 2008

Consciências Mortas (continuação)

Não pensava voltar ao tema, mas quando se fala de cinema, quando falo de cinema, as recordações são avassaladoras e é difícil travá-las. A paixão é já mais, muito mais, contida, mas ainda existe.
O filme, "Cidade Abandonada", fez-me recordar o, "Consciências Mortas", e este, por sua vez, muitos outros, embora seja só um deles que pretendo trazer à baila, "Seven Man From Now" ("Sete Homens Para Abater", entre nós).
Mais um filme de cowboys, também ele pouco conhecido, também ele estreado, modestamente, no Olímpia. E também ele, digo, excelente, para não sobrecarregar a expressão obra-prima. Antes de prosseguir, um passo atrás, para voltar a "Consciências Mortas", e dizer o que não disse, que dos três enforcados, um era interpretado por Anthony Queen e outro por Dana Andrews, e que o forasteiro que lia a carta era o Henry Fonda, aquele Henry Fonda que três anos antes, no papel de Tom Joad, de "As Vinhas da Ira", de John Ford, jura à mãe, antes de partir, estar sempre presente onde houvesse uma injustiça, para contra ela protestar. E ele estava lá! "Sete Homens Para Matar" é de um realizador pouco badalado, chamado Budd Boetticher. Foi um artigo extremamente elogioso do crítico francês André Bazin que me alertou para o filme e me fez correr para o Olímpia logo que soube que ele estava lá a ser exibido.
É uma história trágica e violenta. Uma mulher é assaltada, violada e morta, por sete melientes, na ausência do marido. Este parte em perseguição dos assassinos, para os apanhar e fazer justiça. A caminhada é longa, a pradaria é bela e selvagem, as peripécias são muitas, há encontros inesperados, a justiça é feita, a pouco e pouco. Mas não há banhos de sangue, não há violência gratuita. A morte de um homem pode ser dada através de o som de um tiro, do sobressalto de um cavalo e do seu olhar espavorido. É uma das sete maneiras. O herói é o canastrão do Randolph Scott, um cara de pau que Boetticher consegue transformar num marido pesaroso, mas muito íntimo, e num excelente pistoleiro. Boetticher é sóbrio, inventivo, tem o sentido do trágico, mas também do humor. Fez sete westerns, e este é aquele que deveria constar daquela lista de "1001 filmes para ver antes de morrer". E não é!

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