Há dias comprei um DVD a preço de saldo, não propriamente por esse motivo, mas por ser um western (não resisto a um filme de cowboys) realizado por um homem chamado William Wellman e interpretado por Gregory Peck, Anne Baxter e Richard Widmark. Muitos ainda se lembrarão dos três actores, mas do realizador penso que poucos. O filme, Yellow Sky (entre nós, Cidade Abandonada), de um saudoso preto e branco, data de 1948, tem um tema estafado, uma realização segura mas sem chama, um Gregory Peck simpático, um Widmark inquietante, e uma Anne Baxter desenvolta, mas ainda longe da sublime EVA que lhe valeu um Óscar. E sobre o filme está tudo dito. Aliás a notícia é apenas o pretexto, para eu recordar um outro, também de Wellman, chamado The Ox Bow Incident (entre nós, Consciências Mortas), de 1943, esse, sim, uma obra- -prima indiscutível. Um filme relativamente pouco conhecido que na verdade nunca me canso de recordar. Foi, então, muito mal recebido nos EUA e chegou a ser proibido em Inglaterra, na altura, repleta de soldados americanos a prepararem-se para o desembarque na Normandia.
É a história infame de um linchamento. Três homens, três vaqueiros, são acusados de terem invadido um rancho, tendo roubado e morto os donos. De nada lhes vale reclamar inocência, sendo enforcados no próprio local onde tinham acampado para passar a noite. Mas logo após a execução vem--se a saber que não tinham sido eles os assassinos.
É um episódio terrível que uma linguagem fílmica de grande sobriedade, rigor e contida emoção, inteligentemente, escalpeliza. Como esquecer a imagem daqueles ramos descarnados das árvores, com as cordas a balouçar, recortados contra o céu, ou o devastador final, em que o forasteiro, que impotente a tudo assistiu, lê, no salão onde todos os responsáveis estão reunidos, a carta que uma das vítimas escreveu à mulher e aos filhos a despedir-se.
Vi, pela primeira vez, Consciências Mortas, no velho e pecaminoso Olímpia, onde o filme se estreou. Sei que saí com as lágrimas nos olhos e um soluço na garganta. Tinha então quinze ou dezasseis anos. Mas quando muitos anos depois o voltei a ver, a emoção invadiu-me de novo. Ele é, sem dúvida, um dos filmes de cowboys da minha vida.
É a história infame de um linchamento. Três homens, três vaqueiros, são acusados de terem invadido um rancho, tendo roubado e morto os donos. De nada lhes vale reclamar inocência, sendo enforcados no próprio local onde tinham acampado para passar a noite. Mas logo após a execução vem--se a saber que não tinham sido eles os assassinos.
É um episódio terrível que uma linguagem fílmica de grande sobriedade, rigor e contida emoção, inteligentemente, escalpeliza. Como esquecer a imagem daqueles ramos descarnados das árvores, com as cordas a balouçar, recortados contra o céu, ou o devastador final, em que o forasteiro, que impotente a tudo assistiu, lê, no salão onde todos os responsáveis estão reunidos, a carta que uma das vítimas escreveu à mulher e aos filhos a despedir-se.
Vi, pela primeira vez, Consciências Mortas, no velho e pecaminoso Olímpia, onde o filme se estreou. Sei que saí com as lágrimas nos olhos e um soluço na garganta. Tinha então quinze ou dezasseis anos. Mas quando muitos anos depois o voltei a ver, a emoção invadiu-me de novo. Ele é, sem dúvida, um dos filmes de cowboys da minha vida.
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