29 de maio de 2008

Atenção ao pisca-pisca!

Na passada terça-feira, o dr. Silva Lopes foi à TVI pôr as suas "Cartas na Mesa". Com pena, só tive oportunidade de assistir ao final da entrevista. O dr. Silva Lopes, ex-governador do Banco de Portugal, ex-ministro das Finanças, não é um bota-abaixo, não é um arauto da desgraça, e, sobre o ponto de vista político, julgo poder dizê-lo, não é um despeitado. Não se mostrou optimista (vamos ter saudades deste p mudo?), teceu as suas críticas à actual governação, apontando o dedo á Educação, à Justiça, à Saúde, mas reconheceu que, depois do 25 de Abril, para além dos governos de Cavaco Silva (mas estes existiram no tempo das vacas gordas, acrescento eu), tem sido o actual (e deste c, também mudo?) governo que mais tem remado contra a maré, que mais reformas tem levado a cabo, muito embora tenha cometido erros, como, por exemplo, a demissão do ministro Correia de Campos. Mas não foram estas declarações que me motivaram, não é de política que, agora, desejo falar, quero é contar um pequeno episódio, de certo modo engraçado, que me veio à memória, depois de ainda ouvir um comentário do entrevistado aos maus hábitos dos portugueses, dando como exemplo, o facto dos automobilistas, na estrada, através das luzes dos carros, avisarem os que com eles se cruzam, que, nas proximidades, a GNR fiscaliza o trânsito, defendendo, portanto, os possíveis prevaricadores, causadores de acidentes (o sermos assim, tem razões de ser históricas, digo eu). No entanto, o meu episódio nada tem a ver com este exemplo, mas veio-me à memória por causa dele.
Com carta há pouco tempo, e também carro, um Austin 1000 que os meus filhos apelidavam de "bolinhas", ia eu, na estrada, na via da direita, como mandam as regras, e a velocidade dentro dos limites, quando passou por mim um apressado que me fez um gesto que me irritou. O gesto foi, se me faço entender, o braço estendido, a palma da mão para cima, e a mão a abrir-se e fechar-se, com as pontas dos dedos a tocarem-se e a afastarem-se. Um gesto que usávamos na escola e que significava ter medo: Tu tens é miúfa! Foi como o interpretei, e, intempestivamente, mandei o sujeito, com todas as letras, àquela parte. Ele, felizmente, nem me deve ter ouvido, e eu logo me arrependi do impropério, quando a minha mulher, que ia ao meu lado, me disse divertida, e depois provocadora: Ele só te estava a avisar que tinhas o pisca-pisca ligado. Esse teu mau feitio.!

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