A frase, quem o não sabe, é do general Humberto Delgado. Ela e ele fazem já parte da nossa História recente. O general Humberto Delgado é figura grada que merece todo o nosso respeito e consideração, e também o nosso obrigado pelos exemplos de coragem e honestidade que nos legou.
Vem isto que escrevo a propósito do espectáculo estreado pela A Barraca, no Teatro Cinearte, no dia 1 deste mês, que o autor do texto intitulou: Obviamente demito-o!. Não lhe chamaria uma peça, mas um amontoado de pequenas cenas (são 43 e um epílogo) que procuram retratar, cronologicamente, o periodo que vai desde a apresentação da candidatura do "general sem medo" à Presidência da República, em 1958, até ao seu assassinato, em 1965. São pequenos relâmpagos que iluminam, uns com rara nitidez, outros com fraco recorte, acontecimentos, bons e maus, dignos e indignos, personagens, respeitáveis uns, odientos outros, dessa época conturbada. A encenação é sóbria e eficaz, mas nunca brilhante, a representação é equilibrada com a figura do general composta com muita inteligência e vigor. Louvável é que o espectáculo ainda consiga emocionar quem, como eu, viveu aqueles anos, e obrigue a pensar quem os não viveu.
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