21 de janeiro de 2018

Recordando

De um livro que escrevi, destinado só a familiares e amigos, mas cuja edição, inexplicavelmente, saiu
truncada e incompleta, pelo que a guardei, transcrevo o seguinte parágrafo:

"O sono amainou, mas não se foi. Deixou-se ficar, sentiu-se só, e logo apreensivo. O habitual. Ela afastava-se e ele ficava em pulgas. Sempre fora assim, era sempre assim, assim seria sempre. Mas não só com ela, também com os filhos, e agora também com os netos. Mas esses, filhos e netos, já estavam fora das suas asas, da sua alçada, embora não do seu coração. Aquela treta de longe da vista longe do coração era mesmo treta. O tanas é que a distância atenua a preocupação. Muito pelo contrário. E se algum deles ao atravessar a rua não olha para a direita e também para a esquerda, que todo o cuidado é pouco? E se algum deles é abordado por algum matulão de faca em punho para os roubar? E se algum deles se mete na droga? Chiça! Basta! Aonde já ia o disparate. Amodorrou...

Porque o recordo? Por que, por mim esquecido, ele foi recolhido pela minha neta Beatriz, que, gentil, lépida, imprevisível, querida, o aproveitou para fazer parte de um pequeno trabalho televisivo, com fotografias, que ela montou e apresentou, durante o jantar, também por ela organizado, de homenagem aos sessenta anos de casamento dos seus avós (a Helena e eu).

Ela sabe que eu sou assim!


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