Na 1º República (continuação)
Dos anos que se seguiram, vejamos então o que, cronologicamente, se
publicou no âmbito da ficção policial: contos, romances, folhetins, peças de teatro.
Relação que não será definitiva nem completa, referenciando o editor ou local
de publicação, comentando muitos deles, mas evitando juízos de valor, dando
algum enquadramento histórico, cultural, político e social, certamente com
títulos esquecidos e um ou outro de escolha discutível, mas, seguramente.
representativa e elucidativa do passado, distante e recente, da literatura
policial portuguesa, e também do seu presente, dentro de cada ano, por ordem
alfabética do último nome dos autores ou do pseudónimo destes.
1916
Castro, Ferreira de – (Ossela, Oliveira de Azeméis, 1898-Porto,
1974) José Maria Ferreira de Castro, emigrou com
12 anos para o Brasil, tendo vivido os primeiros quatro anos num seringal em
plena selva amazónica. Saído dessa situação, subsistindo embora em condições
precárias, autodidacta convicto, começou a escrever, entrou no jornalismo.
Regressou a Portugal, confirmou-se e romancista, popularizando-se no país e no
estrangeiro, tornando-se um dos escritores portugueses mais traduzidos. Criminoso por ambição, romance. O primeiro do autor, escrito e
publicado ainda no Brasil, em fascículos, em Belém do Pará, que ele vendeu, de
porta em porta, tinha então 18 anos. Uma recambolesca história, sobre os amores
do jovem Simão, bom e pobre, e da jovem Beatriz, bonita e inocente,
contrariados pelo jovem Diogo, rico e mau, marcada por lutas entre os rivais,
tentativas de assassinato, rapto, peripécias várias, mas que termina a contento
com o feliz casamento do jovem casal protagonista.
Nesse ano ( a 9 de março): A Alemanha
declara guerra a Portugal, após a apreensão dos navios mercantes alemães
fundeados em portos portugueses.
1917
Ferreira, Reinaldo – (Moçambique, 1897 – Lisboa, 1935) Reinaldo de Azevedo e Silva
Ferreira, jornalista, repórter, dramaturgo, realizador de cinema, ele foi, em
particular, como folhetinista. Com dezassete anos, ingressou no jornal , A Capital, como aprendiz de jornalista, para o qual fez a
sua primeira reportagem: um fogo posto na rua D. Estefânia. Já na redacção de, O Século, sob o pseudónimo Gil Goes, deu então início à sua
primeira ficção policial, o folhetim, Os mistérios da rua
Saraiva de Carvalho, um serial protagonizado por um bandido de olhos
tortos, publicado entre 11 de junho e 15 de dezembro. Ainda nesse ano, escreveu
para, O Mundo, a crónica, Espionagem alemã: como
e por quem ela é exercida, e um relato, inventado, da passagem, por
Lisboa, da célebre Mata-Hari, e da entrevista que fez à espia alemã.
Nesse ano: Publicação do romance, Húmus, de Raúl Brandão. Primeiros embarques de tropas
expedicionárias para França para combater os alemães. Primeira aparição em Fátima (13 de
maio). Revolta militar comandada por Sidónio Pais
que assume o poder (5 de dezembro)
1918
Nesse ano: O contingente militar português
é dizimado, em La Lys, pelas tropas alemãs (9 de abril). Eleição de Sidónio Pais
para Presidente da República (28 de abril). Assinatura do armistício que põe fim guerra
com a derrota da Alemanha (1 de novembro). Assassinato de Sidónio Pais (14 de
dezembro). Surto de gripe pneumónica por todo
o país, que vitimou 102.750 pessoas.
1919
Ferreira,
Reinaldo O
mistério da rua Saraiva de Carvalho, romance. Versão em livro do folhetim publicado no jornal, O Século, em
1917, mas deixando cair o pseudónimo e assumindo-se como autor. Entretanto vai
para Paris, começando a trabalhar na filial francesa da Agência Americana,
deslocando-se frequentemente a Bruxelas, Madrid e Barcelona onde acabou por se
fixar.
Martins,
Rocha – (Lisboa, 1879 – Sintra, 1952). Jornalista,
fundador e director da revista ABC, historiador, escritor, activista político. A grande ladra, folhetim publicado no jornal, O Século,
entre 14 de julho e 6 de outubro, que narra o confronto entre Arsène Lupin, que
cobiça os tesouros dos nossos museus e a sua rival portuguesa, Maria Ribalda, a
grande ladra. O
crime de Vila Lilás, conto publicado em, O Século, de 15 de
agosto
Nesse
ano: Publicação do
romance, Terras do Demo, de Aquilino Ribeiro. Eleição de António José de Almeida para
Presidente da República (agosto). Criação da Confederação Geral do Trabalho e da Confederação Patronal. Criação da Faculdade de Letras do Porto. Censo da população: 5 621
1920
Nesse ano: Início da publicação dos, Ensaios,
de António Sérgio. Publicação do livro de poemas, Canções, de António Botto. Publicação do livro de poemas, Clepsydra, de Camilo Pessanha. Censo da população: 5
621977
1921
Ferreira, Reinaldo Publicação,
em Barcelona, dos romances, El negro y El blanco, e, El hombre del
méchon blanco, e do folhetim, El botones del Ritz, no jornal, El
Liberal.
Portela,
Severo – (Cedofeia, Porto, 1875-1945) O crime de Lagarinhos, conto publicado na revista, A
Novela Portuguesa, de 1 de março.
Nesse ano:
Publicação do
primeiro número da revista, Seara Nova, no dia 15 de outubro.
Fundação do Partido Comunista Português (6 de março). Revolta,
em Lisboa, da GNR e da Marinha.
Assassinato do chefe do governo, António Granjo.
1922
Lacerda,
Armando de – (Porto, 1902 – Coimbra, 1984) Professor Universitário. O
mistério da casa Thompson, narrativa. Edição de autor
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