1º República (continuação)
Pessoa, Fernando - (Lisboa, 1888 - Lisboa, 1935)
Fernando
António Nogueira Pessoa, poeta maior do modernismo literário da língua
portuguesa. O banqueiro
anarquista, conto. Publicado no nº 1 da revista Contemporânea, de Lisboa, a selecção
deste conto pode parecer abusiva, mas não sendo um conto policial, apresentando-se
mais como um texto filosófico, ele é, essencialmente, de acordo com o autor, um
conto de raciocínio. Como tal, embora muito diferente de todos os outros que
escreveu, e ser o único que completou e publicou, justifica-se aqui a sua
presença, dando azo a que se recorde a sua atracção pelo policial, o que o
levou a escrever textos desse género literário, embora não tantos, nem tão
estruturados e completos, como terá planeado, e que só começaram a ser
divulgados já muito depois da sua morte. Fernando Pessoa foi para a África do
Sul em 1896, com oito anos, só tendo regressado, definitivamente, a Portugal,
em 1905, já com dezasseis anos. A sua educação foi, naturalmente, britânica,
pelo que o inglês se tornou, praticamente, a sua língua natal. Já em Portugal,
é ainda em inglês que escreve os primeiros poemas, e é em inglês que, nos dois
anos seguintes, escreve os seus primeiros policiais, começando, presume-se, com
um prefácio sobre um tal William Byng, um sargento não se sabe de quê, já
falecido, que considera ter sido um raciocinador (reasoner) de uma
enorme perspicácia e de uma invulgar intuição analítica, que protagonizou três
de quatro histórias (tales) cuja autoria
Fernando Pessoa entrega ao
seu pseudónimo Horace James Faber. As quatro tales of a reasoner (Histórias
de um raciocinador) são: The stolen
document (O documento roubado), The case of the science master (O caso
do professor de ciências), The case of the quadratic equation (O caso da
equação quadrática), The case of mr. Arnott (O caso do sr. Arnott), nenhuma
completa, a primeira ainda sem Byng, a segunda a mais desenvolvida. É a partir de tais histórias que Pessoa
inicia, por sua vez, um ensaio, também escrito em inglês, Detective story
(História policial), sob o pseudónimo Charles Robert Anon, que também nunca
chegou a completar. Cerca de cinco a seis anos depois das tales of a reasoner, Fernando
Pessoa voltou às histórias policiais, agora em português. Uma vintena de contos
de raciocínio , nenhum completo, alguns apenas esboçados, outros apenas
projectados. Eis os nomeados: O caso Vargas, O pergaminho roubado, A morte
de D. João, A carta mágica, O roubo na Quinta das Vinhas, O desaparecimento do
dr. Reis Gomes, Roubo no Banco Galícia, O caso do quarto fechado, Janela estreita, O caso do Banco Viseu, Crime, Cúmplices, O roubo na rua dos Capelistas.
Nesse ano: Publicação do conto, O
Malhadinhas, de Aquilino Ribeiro.
Travessia
aérea do oceano Atlântico, de Lisboa ao Rio de Janeiro, por Gago Coutinho e
Sacadura Cabral.
CONTINUA
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