O Quarto de Vestir é uma das duas divisões que ladeiam a Sala, a que está à esquerda. Com ligação ao quarto de dormir, que era dos meus avós e agora é o nosso, era para vestir, e , naturalmente, para guardar fatos e vestidos, que era utilizado. O nome manteve-se, a utilização não, exactamente, e a ligação entre os dois quartos foi interrompida por um reposteiro, de um lado, e uma estante do outro.
É no Quarto de Vestir que está a totalidade da Literatura Britânica de ficção e uma parte da Literatura Norte-Americana, a do género chamado, em muitos casos erradamente, policial. E lá se encontra também, a Literatura sobre Cinema, bem acompanhada, a propósito, por cerca de quinhentos DVDs de filmes e séries.
Começo pelo fim, pela recheada videoteca, onde se encontram os «filmes da minha vida», os que levaria numa viagem à galáxia sem regresso garantido. À frente, os da minha juventude, os mudos de Chaplin: Luzes da cidade e Tempos modernos, depois, por ordem alfabética dos realizadores, os sonorizados, da minha maturidade: Morangos silvestres, de Bergman; O Barba Azul, de Chaplin; Ivan, o Terrível, de Eisenstein; Amarcord, de Fellini; Lola Montês, de Max Ophuls; Andrei Rubliov, de Tarkovski; O Leopardo, de Visconti; O mundo a seus pés, de Orson Welles. Dez obras-primas.
O primeiro nome a encimar a literatura inglesa é, invariavelmente, William Shakespeare, e ele cá está, no original, com The Complete Works. Mas o inevitável destaque vai para a edição portuguesa duma peça sua, O Rei Lear, traduzida e anotada por Álvaro Cunhal. Uma agradável surpresa, bem demonstrativa de que há mais vida para além da política.
Sherlock Holmes, sendo apenas uma personagem fictícia, embora protagonista de muitas histórias, é um nome que, em popularidade, rivaliza, ou mesmo supera, com o de Shakespeare. Também ele está presente, numa edição, portuguesa, de nove livros, cujo autor, como se sabe ou deve saber, é Conan Doyle. Entre um peso pesado, como Shakespeare, e um peso leve, como Doyle, há muitos mais autores presentes, vou apenas mencionar seis, cada um deles acompanhado de um livro da sua autoria: Jane Austen (Orgulho e Preconceito), Virginia Woolf (Mrs. Dallowway), Hilary Mantel (Wolf Hall); e Charles Dickens (Loja de antiguidades), D. H. Lawrence (Filhos e amantes), Óscar Wilde (O retrato de Dorian Gray).
Faz parte desta parte da Literatura Norte-Americana, toda a bibliografia do escritor Raymond Chandler: contos , romances. ensaios, cartas, apontamentos, no original e em tradução portuguesa. Ela foi a indispensável fonte em que me baseei para o livro Chandler & Marlowe .
Raymond Chandler e Dashiell Hammett, que o antecedeu, também lá representado, foram os verdadeiros criadores do romance policial negro, que saiu à rua, deixando para trás o romance policial tradicional, de salão, envolto em mistério. Dos sucessores dos dois escritores, escolho, entre muitos outros, e também acompanhados com um livro da sua autoria: Patrícia Highsmith (O talentoso mr. Ripley); Dennis Lehane (Mystic River); Horace McCoy (O pão da mentira); Elmore Leonard (Um bom argumento); Scott Turow (Presumível inocente).
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