13 de agosto de 2017

Não basta saber ler para se ser um LEITOR


Fui um leitor compulsivo, já não o sou hoje. Tenho vindo a perder poder de concentração, o que me arrasta para o divagar, para as recordações, para o sonhar. A idade não perdoa.
Sim, já fui um leitor compulsivo, o que não significa que tenha sido um leitor com letra maiúscula. Li muito, é certo, mas penso que perdi talvez demasiado tempo com leituras menores, ainda que aliciantes. Receio ter deixado para trás muitas de maior profundidade e interesse, ou de não lhes ter dado atenção mais apurada. Sinto-o!
Mas, abrenúncio, não desisti, embora, das actuais leituras, já não haja muitas que me atraiam, e,  continuo a gostar de livros, de os ter, mesmo que já os tenha lido ou não. Aliás, reconheço com algum pudor, começa a ser-me mais fácil, mais apetecível, manusear um livro do que enfronhar-me nele. Sopesá-lo, medi-lo, acariciá-lo, apreciar-lhe a cor, decifrar-lhe o desenho da capa, murmurar-lhe o nome, folheá-lo, percorrer o índice com um dedo lendo os capítulos, e dar uma vista de olhos aos dizeres elogiosos da contra capa. Sendo quase certo que sendo ele já um dos da casa, veterano, amigo, meu, já lido talvez há muito, e muitas vezes apreciado, tento lembrá-lo, avaliá-lo, descobrir se o devo reler, não vá ele, por inesperados atalhos, recordar-me do passado, o muito que prefiro esquecer, ou se, pelo contrário, é um dos que ainda me conseguem aquecer a alma.
Dito o que disse, entendível ou não, responsabilidade minha, é meu fito final apresentar aqui, e dela falar, a biblioteca que fui erguendo, a biblioteca do leitor que fui, a minha biblioteca.


















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