29 de dezembro de 2008

Vale o que vale!

O ano 2009 já nos está a bater à porta. Vai ser um ano complicado, como já todos nós percebemos. A grave crise económico-financeira e com ela o desemprego, a pobreza, as inevitáveis convulsões sociais. E vai ser um ano de intensa luta política com as eleições para a Europa, as autárquicas e as legislativas. Estas últimas que escolhem um novo parlamento e com ele um novo governo, as mais importantes. É previsível que o PS não consiga a maioria absoluta, mas sim a relativa, mas a estes dois cenários há que juntar pelo menos outros dois, ou seja , a vitória relativa do PSD e ainda a sua vitória absoluta, por muito improvável que pareça. As actuações do PCP e do BE terão muita influência na escolha que se vier a fazer. O melhor para o país será ter um governo apoiado, no parlamento, por uma maioria absoluta. Como homem de esquerda, independente, desejo que essa maioria absoluta seja do PS, mas que ela seja estreita, obrigando-o a um permanente estado de alerta, perante uma oposição que seja forte, credível e coerente. É a minha opinião!

19 de dezembro de 2008

A Grande Entrevista

Extensa terá sido, mas grande é que ela não foi. Muita parra, mas muito pouca uva. Nada de novo, nada de concreto, e excelentes intenções de que o inferno está cheio. Claro que ainda não é presidente da República, mas é duvidoso que ainda o venha a ser. E é verdade que o povo de Coimbra gosta dele. Eu também... mas como poeta. Enfim, uma desilusão!

18 de dezembro de 2008

Ó minha senhora!

Já aqui uma vez me insurgi por, num certo blog, lhe terem chamado velha e senil. Não sei se hoje reagiria à pouca educação. Doutora Manuela Ferreira Leite a que lamentável espectáculo televisivo a senhora se prestou para desejar as boas festas aos portugueses. Que atitude e que enquadramento tão despropositados. Como não se apercebeu da tristíssima figura que ia fazer, e que fez? Esteja certa que se o ridículo matasse a senhora já não era deste mundo.

17 de dezembro de 2008

A esquerda unida jamais será vencida!

O busílis é que a esquerda em Portugal, representada actualmente pelo PS, pelo PCP e pelo BE, nunca esteve, e não está, e nunca estará unida, enquanto comunistas e bloquistas olharem para os socialistas como os bolcheviques olhavam para os mancheviques. Alguma vez deixará de ser assim? O que receio é que a vaidade e o ressentimento que se está verificar esteja a enfraquecer e a ajudar a direita a recompor-se. A ver vamos!

15 de dezembro de 2008

O que faz correr Alegre?

Não, não é a "arrogância" do governo (arrogante também ele é) nem os "erros" das reformas socialistas, a inquietação de Alegre é a sua permanente situação de segundo. Na sua dupla com Piteira Santos ele era o segundo, na sua parceria com Mário Soares o segundo era, tem sido um número dois na presidência da Assembleia da República, e se alguma vez for presidente da dita será a segunda figura do Estado, além disso perdeu a chefia do PS para José Socrates, e perdeu para Cavaco Silva a presidência da República. É demais! Manuel Alegre quer ser o primeiro, precisa de ser o primeiro, para apaziguar o seu ressentimento. Mas quando, onde, de quê, a que preço? E com quem?

14 de dezembro de 2008

As escolhas de domingo

O palavroso professor lá falar da educação falou, mas apenas para lançar umas farpas à ministra. Quanto à ridícula proposta da Plataforma Sindical dos Professores, apresentada na última reunião, nem uma palavra, nem sequer um assobio para o ar. Ainda aguardei que a interlocutora-apresentadora puxasse o assunto, mas não. Aliás ela não está ali para o incomodar.

13 de dezembro de 2008

Guantanamo

Parabéns ao Governo português pela sua disposição em ajudar a que se encerre aquela vergonhosa prisão e parabéns a Ana Gomes pela sua iniciativa junto aos seus colegas do Parlamento Europeu incentivando-os a pressionar os seus governos para que imitem o nosso.

11 de dezembro de 2008

À atenção de quem de direito e não só

Parecia mesmo uma casa de doidos. Refiro-me às imagens passadas há minutos na RTP, de uma sessão na Assembleia Regional da Madeira que culminou com uma intervenção do dr. Alberto João Jardim, em que o dito senhor, sem papas na língua, ameaçou a República Portuguesa.

24 de novembro de 2008

A entrevista

Vitor Constâncio, governador do Banco de Portugal, respondeu com a máxima clareza e alguma veemência a todas as perguntas que lhe foram colocadas, sobre o caso BPN. Pena foi que a sua indignação contra aqueles que, estupidamente, têm tentado denegrir o B.P. e o seu governador não tenha sido ainda mais firme e directa. E pena foi que a entrevistadora, Judite de Sousa, intencionalmente, como é habitual, mas nem sempre, tenha interrompido muitas das respostas de V.C. às suas perguntas.

Adeus, amigo!

Morreu o Rogério Moura, um homem bom, um bom amigo, um senhor, de quem me despeço com profundo pezar.

Ai, professor!

Ontem, no seu programa semanal televisivo, o inefável professor Marcelo também alinhou na treta da ironia da Presidente do PSD, mas sem especificar se se referia ao discurso no seu todo ou só a alguma ou algumas das frases que o compunham. Seria, por exemplo, aquela máxima: "Eu não acredito em reformas quando se está em democracia", ou aquela outra, "Até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete--se tudo na ordem e depois então venha a democracia"? Mas deixando este assunto que já cheira mal, e passando para o da Educação, justo é referir que o professor, finalmente, reparou na arrogância da Fenprof, embora mantendo a sua sanha contra a ministra.

12 de novembro de 2008

O ressentimento é uma doença incurável

A ministra da Educação resolveu reagir aos ataques de Manuel Alegre repudiando os insultos e desafiando-o a uma discussão séria sobre educação, e o primeiro ministro, finalmente, comentou as suas constantes opiniões anti-governo e anti-PS, embora sem a dureza merecida. O ressentimento de Manuel Alegre para com o PS, primeiro pela sua derrota como candidato a secretário geral, depois por não ter sido o escolhido pelo partido para disputar a presidência da República, é incurável. Manuel Alegre dá-se demasiada importância, para que alguma vez consiga esquecer tais desfeitas.

11 de novembro de 2008

É triste!

Ressentido com o seu partido, o deputado Manuel Alegre cada vez se aproxima mais das esquerdas bloquista e comunista. Na conferência de imprensa de ontem verberou a "arrogância" da ministra da Educação, chegando a recordar a actuação dos ministros da ditadura, mas ignorou a arrogância e a agressividade do sindicalista Nogueira e do bloquista Louçã. O que fará correr o deputado Manuel Alegre?

10 de novembro de 2008

A outra avaliação

Já todos percebemos, com boa fé, que os professores estão "mortinhos" por serem avaliados. Somente não querem o actual modelo de avaliação, querem outro, ou mais precisamente, o outro. Qual? Aquele que lhes garante que todos chegam automaticamente ao topo da carreira, sejam muito bons, bons, ou mesmo maus. Além de não ser burocrático, é infalível. Com ele em vigor acabam-se as manifestações. Se o senhor Mário Nogueira estiver de acordo, claro!

5 de novembro de 2008

Adivinhem!

Sim, adivinhem lá quem, cá na nossa urbe, são os anti-americanos. Serão os que abominam Bush, condenaram a guerra no Iraque, e suspiram de alívio com a derrota de McCain, ou os que defenderam Bush, apoiaram a guerra, e agora torcem o nariz à vitória de Barak Obama? Exemplificando com alguns nomes sonantes: serão Mário Soares e Ana Gomes ou José Manuel Fernandes e Pacheco Pereira?

31 de outubro de 2008

Socorro!

Ontem, antecipando-se ao dia das bruxas, o general Loureiro dos Santos veio-nos alertar para uma presumível rebelião dos nossos militares. Hoje, dia das ditas, o opinioso Vasco Pulido Valente, perorando sobre o seu tema favorito, Sócrates (não o filósofo) e a sua linha política, que ele considera igual à do comunismo clássico, avisa-nos que estamos metidos num sarilho e termina afirmando: assim se começa. Presumo que a insinuação é que assim se começa a deslizar para a ditadura. Enfim, só falta que amanhã, no rescaldo da bruxaria, nos surja uma longa entrevista com o tremendista dr. Medina Carreira, a arrasar tudo e todos. Apetece-me mesmo gritar por socorro.

Estará mesmo?

Há poucos dias insurgi-me contra quem, em certo blog, apelidou Manuela Ferreira Leite de senil e velha. Apenas por uma questão de bom gosto e boa educação. Não me arrependo! Mas ao dar com as suas declarações relativamente ao salário mínimo nacional e à sua proposta de alteração ao orçamento de que resultaria um aumento da despesa pública de 700 milhões de euros para serem compensados não especifica ela como, não posso deixar de pensar: Será que está mesmo senil?

30 de outubro de 2008

O Bom Garfo

É um pequeno/grande restaurante ali para os lados do Rato. Recomendo-o vivamente, mas não vou ser mais explícito quanto à sua localização. Descubram-no! É pequeno, mas não acanhado, pois não procurou meter o rossio na betesga, e é grande pela comida que serve, pelo serviço que presta, pelo acolhimento que oferece. Foi o Marcelo que lá me levou. Lembram-se do Marcelo? Já aqui falei dele a propósito dos petiscos que ele caprichadamente confeccionava naquele restaurante biológico que havia em Campo d'Ourique. A casa fechou, não aguentando a pedalada que o caminho traçado lhes exigiu, e o Marcelo foi obrigado a procurar outro poiso. E aterrou n'O Bom Garfo, em muito boa hora. Lá encontrou o sr. António, um patrão de excelente trato e vistas largas, e o sr. Nuno, um chefe de cozinha, competente, sóbrio e acolhedor. Acreditem, é um trio que merece ser visitado, e não levo nada pelo conselho.

5 de outubro de 2008

Ainda o Kosovo

Ana Gomes continua a insistir na independência do Kosovo, cada vez com mais paixão, embora já tenha reconhecido que aquele pretenso país vive da economia paralela e da criminalidade organizada. O que não é novidade para ninguém. Será que Ana Gomes também vai defender, por exemplo, a independência da Ossétia do Sul, insistindo pelo seu reconhecimento? Mas o que ainda mais me espanta é o seu silêncio (mas não é só o dela) quanto à atitude subserviente de Manuela Ferreira Leite, embora, antes, não se coibisse de acusar o governo de, quanto ao Kosovo, ter ido a reboque do Presidente da República

3 de outubro de 2008

O Kosovo, a M.F.L. e J.M.F.

Tenho muita consideração pelas opiniões da Ana Gomes, mas confesso que não compreendo a sua paixão pelo Kosovo. O Governo fez bem em não o reconhecer. Assim deviam ter feito aqueles países que embarcaram na asneirada dos EUA do Bush. Ao fazê-lo, por mais que digam que não, abriram um precedente, e já há exemplos disso. Só estranho é que Ana Gomes, e não só ela, não tenham reagido ao facto da Ferreira Leite, antes de revelar a posição do PSD sobre o Kosovo, o que ainda não fez, tenha ido ao Presidente da República pedir a opinião dele. A coitada não está bem! E ninguém se preocupa?
Parece que ao José Manuel Fernandes, o do Público, lhe apetece fugir do país. Eu, por mim, deixava-o ir. Para onde? Claro que para os EUA, embora o Bush, que ele tanto admira, ou admirou, se vá embora, que Deus o leve.
Cá por mim, mesmo confrontado com personalidades como a Manuela Ferreira Leite, na política, e o José Manuel Fernandes, na comunicação social, continuo a gostar de viver em Portugal.

26 de setembro de 2008

Não se lhes pode dar a mão...

Nem sempre, mas por vezes assisto ao programa televisivo, Quadratura do Círculo. Hoje assisti, na SIC notícias. Como sempre, estava lá a direita, representada por Pacheco Pereira e Lobo Xavier, e a esquerda, por António Costa. Não vou opinar sobre as opiniões dos três opiniosos. Quem sou eu para o fazer! Mas quero declarar a minha estranheza quanto ao facto de António Costa não ter reagido com desagrado, quando Pacheco Pereira, ao comentar o discurso do Primeiro ministro, ter chamado a este um político de plástico ou de plasticina. António Costa apenas se riu e encolheu os ombros, quando devia ter ficado sério e verberado Pacheco pela despropositada grosseria. Aliás, António Costa tem sido muito complacente com Pacheco Pereira que, quase sempre, o interrompe, quando ele está a expor as suas ideias. É uma técnica que Pacheco sabiamente explora. E ninguém lhe vai à mão, lamentavelmente.

Será só por mera estupidez?

É a propósito das notícias, sobre a ASAE, a respeito do leite chinês, no jornal Público, de hoje. Há nelas uma intenção de denegrir que não consigo compreender. Porquê este tão generalizado azar à ASAE que a comunicação social vem alimentando? Com erros, com imperfeições, por vezes com demasiada dureza, sem dúvida, mas não é em benefício da saúde pública que a ASAE actua? Ninguém o pode negar! Porquê, então, esta má vontade? O Público encontrou bebidas de leite chinês num supermercado chinês, e propagandeou a sua descoberta. Não teria sido mais atilado, mais responsável, face ao perigo, avisar logo a ASAE? Não! O Público preferiu o brilharete de, em primeira página, desmentir a ASAE. Cada um é como é!

8 de agosto de 2008

Poesia

O jornal Público oferecia hoje, aos seus leitores, grátis, o livro "os poemas da minha vida", de Maria Alzira Seixo. Excelente razão para recomendar, hoje, a sua aquisição. Um encontro com um texto de Maria Alzira Seixo é sempre um ganho a não perder. Sou um leitor inveterado, mas não, propriamente, de poesia. Não conheço muitos dos poemas escolhidos, mas vou ler, com a alma de poeta que não tenho, todos os que o livro alberga. Por interessante coincidência, o primeiro livro de poesia que Maria Alzira Seixo revela ter tido foi, também, o primeiro livro de poesia, não que eu tive, já possuia alguns herdados do meu avô, mas que eu comprei: "Obras Poéticas" de Manuel Bandeira, editado pela Minerva, e prefaciado por Henrique Galvão. Apenas um reparo magoado. De todos os poetas representados, a ausência de dois que eu sempre escolheria: António Botto e Armindo Rodrigues.

24 de julho de 2008

É burrice!

Errar é humano, mas insistir no erro é burrice! A comunicação social, não sei se toda, continua a dizer que o Presidente da República promulgou o acordo ortográfico. Ainda hoje ouvi tal asneira na TVI, dita também pelo sr. dr. Miguel Sousa Tavares. Caramba, é difícil perceber que o que P.R. fez foi ratificar o acordo? Promulgado já ele estava.

19 de julho de 2008

É a minha opinião!

É a minha opinião, quero dá-la, e faço-o já a frio. Aquilo não é uma simples sátira, não é liberdade de expressão, aquilo é difamação, é assassinato político. A caricatura do candidato à presidência dos EUA, com túnica e turbante como se fosse um árabe, acompanhado da mulher caricaturada como terrorista, de metralhadora a tiracolo, ambos de punhos fechados a tocarem-se, na Sala Oval, onde na lareira arde uma bandeira americana e na parede se expõe um retrato de Bin Laden, não é uma gracinha de mau gosto, é um ataque ofensivo, intencional e premeditado.
No editorial do Público, do passado dia 15, o director do jornal, diz que "a capa do New Yorker mostra que se deve defender sempre a liberdade de expressão (ela tem as costas cada vez mais largas, digo eu) e o direito à sátira (mesmo sendo infamante?, pergunto eu) e lembra-nos que os cidadãos não têm de ser tratados como tolos". Pois, pois! mas a verdade é que os cidadãos foram tratados como tolos, e tanto assim que o New Yorker já tinha no bolso a justificação. Logo que várias vozes se ouviram a considerar as caricaturas, racistas, sexistas, provocadoras, o jornal veio a declarar que, pelo contrário, a intenção era denunciar os ataques ao senador. Pois, pois!
Não sou pela censura, pela proibição, nem que se chame a polícia (o director do Público diz que por cá é o que se faz: chama-se a polícia). Mas a verdade é que em jornal que fosse meu não se publicaria uma coisa daquelas, nem sequer aquela outra, que foi agora recordada, do Papa com um preservativo pendurado no nariz. E não sou católico, nem crente, e até considero que a religião é um dos males da humanidade. Mas, apenas por uma questão de higiene!

2 de julho de 2008

As entrevistas

Assisti às duas, à da presidente do PPD/PSD, a senhora Manuela Ferreira Leite, e à do primeiro-ministro, o senhor José Socrates, e um único comentário se me impõe. Sem ofensa, não é possível comparar serradura com pão ralado.

22 de junho de 2008

E a burra é ela?

Pela leitura dos jornais, fica-se com ideia que, segundo afirmam os altos representantes dos professores, e corroboram os habituais fazedores de opinião, as provas de aferição do 4º e 6º anos e os exames do 9º ano, nasceram sob o signo do facilitismo.
Já se sabe que nas provas de aferição houve, realmente, menos negativas, mas isso não nos deve alegrar, porque, pelos vistos, tal não significa que os alunos tenham aprendido mais, nem que os professores tenham ensinado melhor. Foi, apenas, o facilitismo, o responsável.
Se, por ventura, os resultados dos exames do 9º ano, como naturalmente se espera, forem positivos, com muito menos negativas, e mais bons e muito bons, encolhamos os ombros resignadamente, porque foram as facilidades, e não o bom trabalho de professores e alunos, as responsáveis. Quer dizer, professores e alunos não passam da cepa torta.
E a burra é a ministra?

13 de junho de 2008

O Debate

Ao ter escolhido, para o debate quinzenal na Assembleia da República, o tema combustíveis, antes mesmo do acordo conseguido com os representantes dos camionistas, o primeiro-ministro desarmou a oposição que, estranhamente, não se mostrou à vontade para falar dos acontecimentos, nem conseguiu alternativas convincentes de discussão. A agressividade teatral do dr. Portas, e as suas perguntas de algibeira, não impressionaram (cada vez impressionam menos), e a habitual má disposição provocadora dos verdes, foi só isso. Bloquistas e comunistas, surpreendentemente, estiveram discretos, o PSD, inócuo, só quiz passar o tempo. Mota Amaral, o escolhido para defrontar o primeiro-ministro, revelou, passivo e bem humorado, que já não tinha idade, nem paciência, para tais andanças.
O primeiro-ministro safou-se bem, sim, mas não evitou que tivesse ficado no ar a ideia que tinha havido, da parte do Estado, falta de autoridade. E houve. O lock-out, que existiu, e que é ilegal, e que é proibido, não foi penalizado. O governo conseguiu, célere, um acordo, sem cedências em pontos chave, mas fê-lo sobre pressão. Não foi um bom precedente.

11 de junho de 2008

Quem avisa amigo é

O sr. primeiro-ministro está a perder o pé, o que dá muita satisfação àqueles que apostam no "quanto pior melhor" (e sabemos quem eles são), mas que não é nada bom para o país. Depois de ter desistido do ministro Correia de Campos (para satisfazer o dr. Alegre), da sua complacência para com os patrões-pescadores (para acalmar o dr. Alegre), agora, a sua tibieza face aos patrões-camionistas (o dr. Alegre também está com eles?), que começam a lançar o país num verdadeiro caos. Sr. primeiro-ministro, até agora não gostavam de si, mas respeitavam a sua firmeza, a sua determinação, daqui para a frente, se teimar na via guterrista que agora parece ter escolhido, além de continuarem a não gostar de si, vão também perder-lhe o respeito. Assim, nas próximas legislativas, nem a maioria relativa vai conseguir, e lá se vai tudo pela água abaixo.

6 de junho de 2008

O Imenso Adeus

Uma edição, com nova tradução, de um livro do escritor Raymond Chandler, tratando-se para mais do seu romance de maior apreço, daquele que, mais do que qualquer outro, atravessa a fronteira entre o bom policial e o bom romance, não se pode deixar que passe em claro. Eu não posso! Contista, romancista, epistológrafo, Chandler faz parte, por direiro próprio, do rico filão dos escritores norte-americanos da primeira metade do século XX, que inclui, entre outros, Dreiser, Fitzgerald, Hammett, Hemingway, Salinger. A vasta e variada bibliografia sobre a sua obra testemunha-o à evidência.
Ainda não tive ocasião de apreciar esta nova tradução que oxalá não desiluda e esteja à altura da de Mário-Henrique Leiria, a primeira, já velhota, salvo erro, de 1954.
Sobre Chandler e a sua obra, escrevi um pequeno livro que intitulei: Chandler & Marlowe. Trabalhei nele durante quinze anos, com muitas interrupções, naturalmente, e terminei-o, à pressa, em fins de 2004, quando descobri que, no ano seguinte, Philip Marlowe, o detective criado por Chandler, e protagonista de todos os seus romances, faria 100 anos, se tivesse existido e fosse vivo. E em 2005, prestando homenagem ao centenário da criatura, editei o livro, 50 exemplares, para oferecer a familiares, amigos e conhecidos. E por aí me fiquei.
A descoberta dos 100 anos tem uma explicação. Em The Big Sleep, seu romance de estreia, Chandler pôs o detective, logo no início, a declarar que tinha 33 anos. Ora o livro, embora publicado em 1939, foi escrito em 1938, e se Marlowe revela ter 33 anos, é porque teria nascido em 1905, o que é o mesmo que dizer que o centenário do seu nascimento cai em 2005. Simples e conciso.

5 de junho de 2008

A ele ninguém o cala.

Ninguém o cala e também ninguém o impede de se amigar com quem entender. Ou não estivessemos em democracia. Mas não me parece digno que diga que se está nas tintas para os seus camaradas que, legitimamente, discordam das suas atitudes para com o partido, e é de grande infelicidade a sua declaração de que é uma imprudência ser de esquerda. Sim, em Portugal já foi de grande imprudência ser de esquerda, era preciso coragem, mas afirmá-lo hoje é, digo-o sem receio, um dislate.
Manuel Alegre tem toda a legitimidade para discordar das orientações do seu, até agora, PS, e do governo que ele apoia, mas tem orgãos próprios, a que pertence, mas aos quais nem sempre comparece, para o fazer, ou, então, faça-o no exterior a eles, dirigindo-se ás bases partidárias, mas só, não conluiado, aberrantemente, com adversários políticos do seu próprio partido.
Francisco Louçã, parceiro de Manuel Alegre no folclórico comício-festa, declarou, e fê-lo sem se rir, que este iria ser a "maior mudança dos últimos anos na esquerda portuguesa". Será que ambos acreditam em tal, diabolisando o PS e não conseguindo atrair o PCP que, quanto a casamentos, só os faz com quem controla e domina?
Não sou militante do PS, como não sou, nem nunca fui, militante de qualquer partido, mas sou de esquerda, e entendi que devia dar a minha
opinião. Disse.

4 de junho de 2008

Uma sugestão de leitura

É apenas isso, uma sugestão para a leitura deste livro: "A Era da Falibilidade. Consequências da guerra contra o terrorismo", da autoria de George Soros. Publicado nos EUA, em 2006, foi editado já este ano, no nosso país, pela Almedina, de Coimbra.
George Soros, cidadão americano, judeu nascido na Hungria, que aos 18 anos (tem agora 77 anos) escapou do seu país natal, depois de ter conhecido o terror nazi, primeiro, depois o poder soviético, é, actualmente, presidente da Soros Fund Management, e responsável por uma rede global de fundações, sem fins lucrativos, dedicados, onde quer que se localizem e funcionem, ao apoio à cultura, à ciência, à educação, ao desenvolvimento, que pugnaram e pugnam por sociedades abertas.
Dividido em duas partes, o livro tem uma primeira de leitura exigente e concentrada, em que analisa, com argumentação abstracta e filosófica, a relação entre o pensamento e a realidade, a atitude da humanidade para com a realidade. Na segunda parte aborda alguns dos mais prementes problemas mundiais da actualidade, o terror, o terrorismo e a guerra contra este, a crise energética global, a proliferação nuclear, e procura dar resposta a duas questões, bem pertinentes, que se entrelaçam: "O que está errado com a América ?" e "O que está errado com a Ordem Mundial ?"
Acreditem que o livro merece ser lido, pensado e discutido. A quem se convencer a dar esse passo, boa leitura.

1 de junho de 2008

Ela que se cuide!

Foi a vitória que esperava, mas não a que desejava. A percentagem obtida por Ferreira Leite não a vai deixar dormir descansada. Os psds deram-lhe o primeiro lugar, mas os ppds demonstraram que unidos, como não estiveram, também podem vencer. Santana Lopes bem o sabe, e o seu discurso foi esclarecedor. Ele, é quase certo, vai voltar a andar por aí, e para ter mais tempo e liberdade para as suas voltas, e não ter que fazer fretes à nova direcção, já anunciou a sua saída da liderança do grupo parlamentar. A Passos Coelho saiu-lhe a sorte grande. Vencer agora, já, na situação em que está o partido, e numa altura em que o país enfrenta tantas dificuldades, seria um pesadelo. O segundo lugar e a percentagem obtida dão-lhe visibilidade, importância, e tempo para ganhar experiência. Ele bem o percebeu, por isso a sua reverência a Ferreira Leite, a sua disponibilidade para com ela colaborar, posicionando-se para ser seu sucessor. Patinha Antão, sem ilusões, desejava, certamente, conseguir o número de votos suficiente para que o seu nome, no futuro, não fosse esquecido. Com os seus 0,6 por cento, é duvidoso que o tenha conseguido. Resta uma referência ao dr. Menezes, porque as suas explosivas declarações de ontem anunciam que a balbúrdia dentro do PPD/PSD vai continuar. E ainda devem vir aí os mimos do dr. Jardim.

31 de maio de 2008

E o vencedor é...!

Os militantes do PPD/PSD escolhem hoje o novo presidente do seu partido, aquele que irá substituir o dr. Meneses. Os três candidatos são quatro, como em Os Três Mosqueteiros do inesquecível Alexandre Dumas, mas nesta aventura eleitoral o herói não vai ser o quarto personagem. Patinha Antão não tem perfil para ser D'Artagnan. Quem vai ser, então, o figurão? Lá para as tantas da noite já se deverá saber. De qualquer forma, prevejo que os ppds votem Santana Lopes, os psds escolham Ferreira Leite, embora os mais jovens de ambas as facções se inclinem para Passos Coelho. Seja como for, o escolhido vai ter uma vida política partidária bem complicada, principalmente, se não for legitimado por mais de 50 por cento dos votos. A ver vamos!

29 de maio de 2008

Atenção ao pisca-pisca!

Na passada terça-feira, o dr. Silva Lopes foi à TVI pôr as suas "Cartas na Mesa". Com pena, só tive oportunidade de assistir ao final da entrevista. O dr. Silva Lopes, ex-governador do Banco de Portugal, ex-ministro das Finanças, não é um bota-abaixo, não é um arauto da desgraça, e, sobre o ponto de vista político, julgo poder dizê-lo, não é um despeitado. Não se mostrou optimista (vamos ter saudades deste p mudo?), teceu as suas críticas à actual governação, apontando o dedo á Educação, à Justiça, à Saúde, mas reconheceu que, depois do 25 de Abril, para além dos governos de Cavaco Silva (mas estes existiram no tempo das vacas gordas, acrescento eu), tem sido o actual (e deste c, também mudo?) governo que mais tem remado contra a maré, que mais reformas tem levado a cabo, muito embora tenha cometido erros, como, por exemplo, a demissão do ministro Correia de Campos. Mas não foram estas declarações que me motivaram, não é de política que, agora, desejo falar, quero é contar um pequeno episódio, de certo modo engraçado, que me veio à memória, depois de ainda ouvir um comentário do entrevistado aos maus hábitos dos portugueses, dando como exemplo, o facto dos automobilistas, na estrada, através das luzes dos carros, avisarem os que com eles se cruzam, que, nas proximidades, a GNR fiscaliza o trânsito, defendendo, portanto, os possíveis prevaricadores, causadores de acidentes (o sermos assim, tem razões de ser históricas, digo eu). No entanto, o meu episódio nada tem a ver com este exemplo, mas veio-me à memória por causa dele.
Com carta há pouco tempo, e também carro, um Austin 1000 que os meus filhos apelidavam de "bolinhas", ia eu, na estrada, na via da direita, como mandam as regras, e a velocidade dentro dos limites, quando passou por mim um apressado que me fez um gesto que me irritou. O gesto foi, se me faço entender, o braço estendido, a palma da mão para cima, e a mão a abrir-se e fechar-se, com as pontas dos dedos a tocarem-se e a afastarem-se. Um gesto que usávamos na escola e que significava ter medo: Tu tens é miúfa! Foi como o interpretei, e, intempestivamente, mandei o sujeito, com todas as letras, àquela parte. Ele, felizmente, nem me deve ter ouvido, e eu logo me arrependi do impropério, quando a minha mulher, que ia ao meu lado, me disse divertida, e depois provocadora: Ele só te estava a avisar que tinhas o pisca-pisca ligado. Esse teu mau feitio.!

23 de maio de 2008

Notícia!

Ontem, 22 de Maio, dia do Corpo do Senhor, foi feriado. No Jornal da Noite, da SIC, das 21 horas, Rodrigo Guedes de Carvalho, com grande seriedade, informou-nos que à saída da Procissão, alusiva ao dia, a chuva tinha parado. Haja Deus!

"A Escrava do Amor"

Só há pouco dei por ele, mas penso já ter sido o ano passado que, no mercado dos DVDs, saiu um compacto do realizador russo Nikita Mikhalkov. Dele faz parte um filme, "A Escrava do Amor ou Um Drama Pungente na Época do Cinema Mudo", que me traz recordações a que não resisto. Ele estreou-se em Lisboa nos anos 80, mais precisamente, em 1986, e não esteve no cartaz mais do que duas semanas. A origem, o título, os nomes desconhecidos que o suportavam, não cativaram o grande público. E, no entanto, não tenho dúvidas em afirmá-lo, foi um dos melhores filmes exibidos, nesse ano, em Portugal. Escrevi, então, sobre ele, um pequeno artigo, que em parte aqui trascrevo:
A história desenrola-se em 1917. As convulsões sociais e políticas, marcadamente populares, ocorridas em Petrogrado e Moscovo, que provocam a abdicação de Nicolau II, em Fevereiro, e mais tarde, em Outubro, levam ao poder o partido bolchevique, ocasionam inquietação e medo no seio das camadas mais abastadas da população(industriais, comerciantes, banqueiros, profissões liberais) e também nos meios artísticos (dançarinos, coreógrafos, escritores, cineastas, actores, etc.) A fuga dessa gente dá-se para a Escandinávia, ou através da Sibéria, ou em direcção à Crimeia ocupada pelos contra-revolucionários. O sol da Crimeia atrai naturalmente os cineastas, e é lá, numa cidade à beira do Mar Negro, no centro de uma praça vazia e soalheira, que o operador Pototski é assassinado a tiro, à vista da sua amada, tremente de terror, a estrela de cinema Olga Voznessenskaia. É o episódio fulcral do filme, sequência antológica bem ao estilo do cinema mudo: a câmara enquadrada e fixa, o gesto lento e teatral. A tragédia está no olhar esbugalhado de Olga, o horror na imagem da chávena de café que lhe treme nas mãos. Olga e Pototski fazem parte dum grupo que ensaia e filma um drama melodramático e ridículo intitulado, "A Escrava do Amor". Ela é a heroína do filme e a protagonista do filme do filme, ídolo das multidões, personagem caprichosa e mimada para quem a realidade é o mundo artificial dos seus próprios filmes. Será confrontada com a realidade revolucionária através de e por Pototskaia, bolchevique militante, que, clandestinamente, vai filmando as atrocidades cometidas pelas tropas tsaristas. Será Olga quem esconde as bobines reveladoras e as entregará aos resistentes locais que vingarão a morte de Potoskaia, abatendo o responsável local da repressão. À volta de Olga e Pototskaia agitam-se o realizador Kaliaguine, o produtor Iujakov, o actor Kanine, a actriz Diuchame, o guionista, expectadores da tragédia dos dois apaixonados, mas, simultanamente, intérpretes dos dramas das suas vidas vazias, sem sentido e sem futuro. Receosos da Revolução que não têm ânimo de aceitar e compreender, fugindo, suspirando por Paris, eles já recordam, no entanto, com saudade e lágrimas nos olhos, a erva verde e tenra da sua Rússia Central, que vão perder, que já perderam.
Um romantismo bem nuançado, uma pitada de poesia, o humor bem controlado, e uma impecável direcção de actores, são as armas de Mikhalkov. A fotografia a cores, muito bela, é no entanto, irregular, prejudicada pela cópia de fraca qualidade. Não há no filme ambiguidade ou nostalgia. O realizador conhece perfeitamente o tema, o local e a época da sua história. Ele ama os seus personagens e compreende profundamente as suas dificuldades e as suas dúvidas. Não está virado para o passado, está a olhá-lo e a descrevê-lo inteligentemente e inteligivelmente. Apenas pretende comover, interessar e motivar.
Na sequência derradeira do filme, Olga, denunciada aos brancos e abandonada num eléctrico desarvorado, invectiva, amargamente, os cavaleiros cossacos que a perseguem. Eléctrico e cavaleiros desaparecem ao longe, engolidos pelo nevoeiro.
Elena Solovei, a Olga Voznessenskaia, escrava do amor, esteve em Portugal, na altura da estreia do filme. Tive o prazer de a conhecer pessoalmente, de estar com ela. Uma mulher belíssima, de extrema simplicidade e simpatia. Jantou em nossa casa, fomos aos fados, falámos de cinema. Foi há vinte e dois anos!

22 de maio de 2008

Parabéns, Marcelo!

Não, não é a esse Marcelo que me estou a dirigir, se, por ventura, é nele que estão a pensar. O negócio do Marcelo que aqui felicito, não é a política, mas sim a culinária. Um Marcelo brasileiro, nosso irmão, portanto, artista da cozinha, com paixão, fazedor de pitéus bem caprichados, como ele próprio faz questão de afirmar. Fomos ontem almoçar, com um casal amigo que convidámos, na casa onde ele actua (será que me irei habituar a escrever atua?), bem integrado numa equipa extremamente atenciosa, simpática e competente. A ementa, caril de frango, antecedido por um creme de alho francês, a que se seguiu uma tarte de limão que tinha como alternativa bolo de cenoura com cobertura de chocolate, foi de chorar por mais, como é de hábito, e neste caso de boa justiça, dizer-se. Um único senão, mas esse por opção nossa, por consideração para com os nossos convidados, a falta de um picantezinho bem activo no caril. Mas para a próxima, amigo Marcelo, exijo transpirar até ao embaciar dos óculos.
Não vou nomear a casa, mas deixo pistas para quem estiver interessado em visitá-la. É uma casa de produtos biológicos e situa-se em Campo de Ourique.

15 de maio de 2008

Maldito tabaco!

O momentoso caso das fumaças dadas pelo primeiro-ministro, meio escondido, no avião que rumava à Venezuela, parece ter chegado ao fim, após as desculpas apresentadas pelo prevaricador que, duma maneira geral, foram bem recebidas e aceites, salvo algumas piadas oposiocinistas que, eventualmente, ainda se ouvirão na Assembleia da República. Estamos na era dos pedidos de desculpa que, se nada emendam, mal também não fazem, e são, pelo menos, um sinal de boa educação. Mas se o caso terminou, há, no entanto, consequências que não podem ser ignoradas, duas delas, pelo menos. A primeira, o facto de o nosso primeiro, que tanto se encarniçou contra o uso do tabaco, ter informado que ainda fumava, mas que agora (só agora!?), ia largar o vício. A promessa está feita! A segunda, o ter sido revelado, por arrastamento do acontecido, que em anteriores viagens aéreas presidenciais também se fumava, desrespeitando a lei, embora nunca ninguém se tivesse lembrado de denunciar o evento. Senhores jornalistas, não é a isto que se chama ter dois pesos e duas medidas? E esta, heim!

14 de maio de 2008

Fumos de provocação

O primeiro ministro anda mesmo a provocar o jornal Público. Atrever-se a fumar em recinto fechado, neste caso no avião que o levava à Venezuela, sabendo que por lá andavam jornalistas do dito jornal, foi uma provocação. A não ser que o nosso primeiro, tendo lido a entrevista da Manuela Moura Guedes, ficasse convencido que eles teriam medo de o denunciar. Puro engano! Se eles o não fizessem é que era motivo de severa reprimenda. José Manuel Fernandes, sob o olhar atento do eng. Belmiro, não lhes perdoaria. (Mas eu também acho que o que ele fez, não se faz!)

Declaração

Nunca senti o apelo religioso, nunca fui sensível ao chamamento da igreja, jamais implorei a uma divindade o que quer que fosse, não por arrogância sem propósito, mas, simplesmente, por pura descrença. O que não significa qualquer falta de respeito pelas crenças alheias. Lamentavelmente, o respeito dos não crentes pelos crentes, e dos crentes pelos não crentes, e dos próprios crentes entre si, dada a diversidade das suas crenças, anda muito, ou sempre andou, pelas ruas da amargura. A intransigência militante de uns e de outros, que sempre existiu, continua viva e muito receio que nunca morra. A religião é um dos maiores e mais graves problemas que o homem enfrenta, senão o maior e mais grave. Problema que o próprio criou, sem que para ele tenha solução.

4 de maio de 2008

Obviamente demito-o!

A frase, quem o não sabe, é do general Humberto Delgado. Ela e ele fazem já parte da nossa História recente. O general Humberto Delgado é figura grada que merece todo o nosso respeito e consideração, e também o nosso obrigado pelos exemplos de coragem e honestidade que nos legou.
Vem isto que escrevo a propósito do espectáculo estreado pela A Barraca, no Teatro Cinearte, no dia 1 deste mês, que o autor do texto intitulou: Obviamente demito-o!. Não lhe chamaria uma peça, mas um amontoado de pequenas cenas (são 43 e um epílogo) que procuram retratar, cronologicamente, o periodo que vai desde a apresentação da candidatura do "general sem medo" à Presidência da República, em 1958, até ao seu assassinato, em 1965. São pequenos relâmpagos que iluminam, uns com rara nitidez, outros com fraco recorte, acontecimentos, bons e maus, dignos e indignos, personagens, respeitáveis uns, odientos outros, dessa época conturbada. A encenação é sóbria e eficaz, mas nunca brilhante, a representação é equilibrada com a figura do general composta com muita inteligência e vigor. Louvável é que o espectáculo ainda consiga emocionar quem, como eu, viveu aqueles anos, e obrigue a pensar quem os não viveu.

Corações

Corações, é o nome de um filme, presentemente em exibição entre nós, do realizador francês Alain Resnais, que já há muito não nos visitava e de quem já tinhamos saudades. Alain Resnais, é sempre indispensável recordá-lo, é o autor de um dos mais importantes, comoventes e impressionantes filmes do cinema francês: Hiroshima, meu amor. Ele é um dos tais 1001 filmes para ver antes de morrer.
Este Corações é um filme, leve, de uma plácida tristeza, de uma subtil sensualidade, que nos fala de amargas desilusões, de dores antigas, de envergonhados segredos, de inocentes mentiras. Adivinhamos cada plano, prevemos cada movimento, não há cenas que nos sobressaltem ou intriguem. Resnais somente nos quer envolver e entreter naquela história de pequenas histórias de encontros e desencontros. O cinema, não apenas, mas também é entretenimento. E, neste caso, é agradável e repousante ouvir falar francês para desenjoar do inglês cinematográfico que nos rodeia.

3 de maio de 2008

Obsessões

Possivelmente preocupado com as sondagens, o jornal Público parece ter voltado à sua obsessão: Sócrates (não o filósofo, mas o político). Ontem, na primeira página, o destaque era aquela foto de mau gosto (vinda do Porto) que em nada valorizava a manifestação, mas que tinha o aliciante da legenda; e na última página o artigo do opinioso de serviço, sempre pronto para o tema socratiano, V.P.V., rodeando uma foto desfocada do visado. Dir--se-á que sou dos que acredita na teoria da conspiração. A verdade é que acredito.

1 de maio de 2008

Viva Maio!

Sim, viva o mês de Maio! Digo-o, porque foi no dia 1 de Maio de 1959 que nasceu o nosso filho, o Manuel; porque foi no dia 15 de Maio de 1964 que nasceu a nossa filha, a Teresa; porque foi no dia 11 de Maio de 1996 que nasceu o nosso primeiro neto, que é uma neta, a Beatriz. E porque foi no dia 1 de Maio de 1974 que nós, todos os portugues, pudemos festejar o primeiro 1º de Maio, dia do Trabalhador, do Portugal libertado, gritando, livremente, alegremente, exaltantemente: O Povo, Unido, jamais será vencido!

25 de abril de 2008

O dia da liberdade

25 DE ABRIL, SEMPRE!

Parabéns!

A JOSÉ SARAMAGO, por continuar connosco, e nos ter trazido a sua exposição, A Consistência dos Sonhos, relembrando-nos a sua vida e a sua obra.

24 de abril de 2008

Que alívio!

O alívio foi geral, mas, principalmente, para alguns militantes e simpatisantes que já se interrogavam se, caso o dr. Jardim ganhasse a presidência do partido, o PSD Madeira passaria a nacional e o do continente a regional. Mas o que o teria feito ficar-se nas covas? Certamente, a falta da vaga de fundo do povo profundo, aproveitada pela alta burguesia do Porto, para se impôr. O empenho, tão interessado, do dr. Menezes, em promovê- -lo, também não deve ter ajudado. E depois, quem sabe, talvez o dr. Santana lhe tenha prometido, caso ele desistisse e o apoiasse, uma boa ajuda para as futuras presidenciais, quando o dr. Cavaco se despedisse. Aguardemos agora o seu regresso à sua ilha e as bojardas que de lá nos enviará.

23 de abril de 2008

Socorro!

Se ouvi bem, no noticiário televisivo das 13 horas do Canal 1, dava-se a informação que também o dr. Alberto João Jardim podia vir a ser candidato à presidência do PSD. De imediato, perguntei-me: Será verdade? Mesmo sem tropas, como ele declarou? E logo me respondi: Mas tem a admiração e simpatia de dois pesos pesados, o Presidente da República e o Presidente da Assembleia. Engoli em seco, fiquei mudo, e depois pensei, martirizando-me: Com tais garantias, se ele se candidatar pode vir a ser presidente do PSD, e se assim for, mais tarde ou mais cedo, pode vir a ser 1º ministro. Perante este cenário comecei a suar, e ainda estou a suar. Que fazer?

21 de abril de 2008

Aviso à navegação

Para minha surpresa, a comunicação social, por ingenuidade, estupidez ou má-fé, informa-nos que o professor Marcelo declarou, no seu programa televisivo, excluir-se de candidato à presidência do PSD. Mas não, não foi isso que ele deu a entender. O que, explicadamente, deu a entender, é que se este, aquele e aqueloutro, que identificou, não avançassem, e os que restassem não preenchessem mínimos credíveis, ele, por uma questão moral, faria o sacrifício (?) de se candidatar. Ou seja, se me quiserem, já sabem o que devem fazer. Mas será que o querem?

Não dar ponto sem nó

O professor Marcelo Rebelo de Sousa, através do seu porta-voz, o comentador político, Marcelo Rebelo de Sousa, que ontem, domingo, dia 20 deste Abril de águas mil, nas suas escolhas televisivas, se desdobrou em longos e exaustivos considerandos sobre os diversos cenários que, conforme os presumíveis candidatos, aguardavam a sucessão de Luís Filipe Menezes, explicou que não era nem queria ser candidato à presidência do PSD, mas (há sempre um mas) se ninguém, efectivamente, confirmasse a sua disponibilidade para chefiar o partido, como no passado já acontecera, ele, então, uma vez mais, sentir-se-ia na obrigação moral de avançar, para salvar o PSD. Perceberam?

18 de abril de 2008

Choques!

Uma pessoa, às tantas, já nem sabe para onde se há-de virar. É de perder a cabeça. E estes últimos dias têm sido de arrazar. Bem sei que houve o acordo, não, o entendimento entre o M.E. e a Frente Comum dos Sindicatos, embora a pessoa fique a pensar porque não fizeram eles, logo de princípio, um esforço, para se entenderem. Bem sei que logo seriam acusados de recuos, mas, ao fim e ao cabo, agora também não se livraram da acusação. Mas aquela viagem à Madeira do Presidente, foi mesmo de roer as unhas. Então ele aceita que não o deixem pôr os pés na Assembleia? Então ele dá cobertura às declarações insultuosas de Jardim, para com os deputados da oposição, aos quais chamou de loucos, a um deles rotolou-o, mesmo, de fascista? E agora anda a mostrar um contentamento bacoco com os programados banhos de multidão que lhe andam a oferecer. Mas mal refeitos destes tristes episódios, vem o desastre do Benfica. E quem pode ficar indiferente a isto? Eu não, que sou um fervoroso, agora desconsolado, adepto do glorioso, desde que nasci, ou mesmo antes. No entanto, antes derrotados pelos aristocratas do Sporting do que pela alta burguesia do Porto (nisto estou com o Jardim). Mas o mais perturbador veio agora. O inefável Menezes, sentindo-se traído pelos seus pares, veio-nos informar que se demitia e que ia marcar eleições antecipadas, para as quais não seria candidato. Claro que o que ele diz escreve-se, mas é como não se escrevesse. O que ele pretende é que haja uma vaga de fundo, das chamadas bases, que afogue os chamados barões, e o confirme como o amado guia do PSD. Desconfio que todos os outros partidos, com o PS à cabeça, estão ansiosos para que tal aconteça. Além de ser divertido, é uma garantia para todos tê-lo à frente do PSD, na companhia do Santana Lopes, do Gomes da Silva e do Ribau. Que mais irá acontecer!?

15 de abril de 2008

Como é possível?

Não votei no professor Cavaco Silva para a Presidência da República, por alinhar nas reservas à sua personalidade política vindas de vários quadrantes. Reconheço, no entanto, que até ao presente tais reservas não se confirmaram, muito pelo contrário. Aliás, nunca nelas se incluiu, creio, o seu relacionamento com a Madeira, mais precisamente com o "patrão" dela, que sempre foi de algum distanciamento e prudência. E, por isso, a minha perplexidade quanto ao que se está a passar com a viagem à dita. Como é possível que o Presidente da República aceite a substituição duma sessão solene, de boas vindas, na Assembleia Regional, por um jantar, e não reaja, na hora, às declarações insultuosas do senhor Alberto João Jardim, que os noticiários televisivos transmitiram, e os jornais registaram, para todo o país? O bando de malucos (houve outros mimos) a que ele se refere é ao conjunto de deputados da oposição eleitos democraticamente pelos madeirenses. É, na verdade, um mistério ainda não desvendado, a complacência sempre havida para com as acções e declarações provocatórias de quem quer, pode e manda do Presidente Regional da Região Autónoma da Madeira, por muita autónoma que ela seja, e ainda muito mais queira ser.
António Vitorino, em amena conversa com Judite de Sousa, ambos algo divertidos, nas suas últimas notas televisivas, embora condenando a permissividade do Presidente, ao aceitar não ser recebido pela Assembleia Regional, louvou a obra e condenou o estilo do senhor da Madeira. Quanto à obra, era só o que faltava que depois de tantos anos de poder absoluto, nada tivesse sido feito de positivo e até de bonito. Mas quanto custou e a quem custou a dita obra? E as opções terão sido as melhores? Talvez um dia se venha a saber. Quanto ao estilo, chamar estilo ao habitual, indigno e triste comportamento da pessoa em questão, é, realmente, ser muito complacente.

14 de abril de 2008

A Rábula

Ontem foi o dia da representação semanal televisiva do Professor. Como sempre, um primor! Não resisto a noticiá-la. Durante toda a primeira parte, desde logo na apresentação dos livros com apartes, a visar o governo, a argumentação crítica, o discurso metralhado, balançando o corpo, gesticulando com energia, com esgares irónicos e olhares acerados. Depois, no segundo acto, com a necessidade inevitável de comentar as actuações dos dirigentes do seu PSD, que muita celeuma e repúdio têm provocado, a postura já foi outra muito diferente. Os olhos, modestamente, baixaram para a papelada de apoio, a cara serenou, a voz amainou, o gesto tornou-se sóbrio. O caso não era para menos. Havia que ralhar forte, mas não magoar muito. E, então, a condenação veio, severa, mas não indignada, e sempre precedida, como quem não quer a coisa, de observações justificativas. E o exemplo mais flagrante de tal procedimento verificou-se quando o Professor verberou o ataque, torpe sublinho eu, à jornalista Fernanda Câncio. É que antes de o fazer, teve o cuidado de salientar que o PSD tinha muitas razões de queixa do PS, e que ele, Professor, de uma maneira geral, discordava dos pareceres da jornalista. Mas, pensei eu na altura, e desculpem-me a expressão, que tinha o cú a ver com as calças? Enfim, habilidades!
É verdade, já me esquecia, desta vez as notas atribuidas aos camaradas de partido, ficaram-lhe na algibeira. Enfim, esquecimentos!

11 de abril de 2008

Haja decência!

Desejo exprimir a mais firme solidariedade à jornalista Fernanda Câncio e expressar o mais vivo repúdio pelas torpes insinuações vindas do PSD (quero crer que dentro dele haja quem se sinta incomodado). Todos sabem do que falo, embora muitos dos opiniosos que para aí proliferam, sempre prontos a criticar, se mantenham em silêncio.

10 de abril de 2008

Consciências Mortas (continuação)

Não pensava voltar ao tema, mas quando se fala de cinema, quando falo de cinema, as recordações são avassaladoras e é difícil travá-las. A paixão é já mais, muito mais, contida, mas ainda existe.
O filme, "Cidade Abandonada", fez-me recordar o, "Consciências Mortas", e este, por sua vez, muitos outros, embora seja só um deles que pretendo trazer à baila, "Seven Man From Now" ("Sete Homens Para Abater", entre nós).
Mais um filme de cowboys, também ele pouco conhecido, também ele estreado, modestamente, no Olímpia. E também ele, digo, excelente, para não sobrecarregar a expressão obra-prima. Antes de prosseguir, um passo atrás, para voltar a "Consciências Mortas", e dizer o que não disse, que dos três enforcados, um era interpretado por Anthony Queen e outro por Dana Andrews, e que o forasteiro que lia a carta era o Henry Fonda, aquele Henry Fonda que três anos antes, no papel de Tom Joad, de "As Vinhas da Ira", de John Ford, jura à mãe, antes de partir, estar sempre presente onde houvesse uma injustiça, para contra ela protestar. E ele estava lá! "Sete Homens Para Matar" é de um realizador pouco badalado, chamado Budd Boetticher. Foi um artigo extremamente elogioso do crítico francês André Bazin que me alertou para o filme e me fez correr para o Olímpia logo que soube que ele estava lá a ser exibido.
É uma história trágica e violenta. Uma mulher é assaltada, violada e morta, por sete melientes, na ausência do marido. Este parte em perseguição dos assassinos, para os apanhar e fazer justiça. A caminhada é longa, a pradaria é bela e selvagem, as peripécias são muitas, há encontros inesperados, a justiça é feita, a pouco e pouco. Mas não há banhos de sangue, não há violência gratuita. A morte de um homem pode ser dada através de o som de um tiro, do sobressalto de um cavalo e do seu olhar espavorido. É uma das sete maneiras. O herói é o canastrão do Randolph Scott, um cara de pau que Boetticher consegue transformar num marido pesaroso, mas muito íntimo, e num excelente pistoleiro. Boetticher é sóbrio, inventivo, tem o sentido do trágico, mas também do humor. Fez sete westerns, e este é aquele que deveria constar daquela lista de "1001 filmes para ver antes de morrer". E não é!

9 de abril de 2008

Consciências Mortas

Há dias comprei um DVD a preço de saldo, não propriamente por esse motivo, mas por ser um western (não resisto a um filme de cowboys) realizado por um homem chamado William Wellman e interpretado por Gregory Peck, Anne Baxter e Richard Widmark. Muitos ainda se lembrarão dos três actores, mas do realizador penso que poucos. O filme, Yellow Sky (entre nós, Cidade Abandonada), de um saudoso preto e branco, data de 1948, tem um tema estafado, uma realização segura mas sem chama, um Gregory Peck simpático, um Widmark inquietante, e uma Anne Baxter desenvolta, mas ainda longe da sublime EVA que lhe valeu um Óscar. E sobre o filme está tudo dito. Aliás a notícia é apenas o pretexto, para eu recordar um outro, também de Wellman, chamado The Ox Bow Incident (entre nós, Consciências Mortas), de 1943, esse, sim, uma obra- -prima indiscutível. Um filme relativamente pouco conhecido que na verdade nunca me canso de recordar. Foi, então, muito mal recebido nos EUA e chegou a ser proibido em Inglaterra, na altura, repleta de soldados americanos a prepararem-se para o desembarque na Normandia.
É a história infame de um linchamento. Três homens, três vaqueiros, são acusados de terem invadido um rancho, tendo roubado e morto os donos. De nada lhes vale reclamar inocência, sendo enforcados no próprio local onde tinham acampado para passar a noite. Mas logo após a execução vem--se a saber que não tinham sido eles os assassinos.
É um episódio terrível que uma linguagem fílmica de grande sobriedade, rigor e contida emoção, inteligentemente, escalpeliza. Como esquecer a imagem daqueles ramos descarnados das árvores, com as cordas a balouçar, recortados contra o céu, ou o devastador final, em que o forasteiro, que impotente a tudo assistiu, lê, no salão onde todos os responsáveis estão reunidos, a carta que uma das vítimas escreveu à mulher e aos filhos a despedir-se.
Vi, pela primeira vez, Consciências Mortas, no velho e pecaminoso Olímpia, onde o filme se estreou. Sei que saí com as lágrimas nos olhos e um soluço na garganta. Tinha então quinze ou dezasseis anos. Mas quando muitos anos depois o voltei a ver, a emoção invadiu-me de novo. Ele é, sem dúvida, um dos filmes de cowboys da minha vida.

8 de abril de 2008

Notícias da Madeira

O senhor Rui Alves, presidente do Clube Desportivo Nacional da Madeira, deu uma entrevista à Antena 1, que não ouvi, e outra ao Diário de Notícias, que li. Nesta, não desmente que não gosta de ser português e que não gosta da cultura portuguesa, explica que também não gosta da língua, porque é difícil de falar, afirma que os madeirenses não gostam dos portuguesas, e confirma que em 2011 abandona o País. Boa viagem!
Do Congresso Regional do PSD/Madeira, não ligando aos inevitáveis elogios ao chefe e aos habituais "mimos" deste, não posso deixar de registar que o dr. Filipe Menezes, Presidente do PSD, no seu delirante discurso, garantiu que "com um PSD à moda da Madeira" vencerá José Socrates, e dará ao País uma nova Constituição, e à Madeira "uma autonomia sem limites".
Deu entrada na Assembleia Regional da Madeira uma proposta para a construção de uma estátua do dr. Alberto João Jardim, o querido guia do povo madeirense. Uma estátua de 50 metros de altura, em bronze ou de outro metal nobre. E esta, hein?

3 de abril de 2008

Adivinhem do que estou a falar

Estou inteiramente de acordo com as duas senhoras. Aquelas declarações devem ter sido ditas a gozar com o parceiro. Os "peixes de águas profundas" têm um grande sentido de humor.

2 de abril de 2008

À atenção do autor

De um artigo do Diário de Notícias, de 29/03/08, com o qual, de uma maneira geral, até concordo, respigo o seguinte período: "Desde logo, os pais não desculpam os filhos a quem vestem a farda - e as escolas, se desrespeitadas nos seus códigos, metem as criancinhas à porta." Metem?
Pobres crianças metidas, assim, dentro de uma porta. E ninguém deu pelo disparate?

27 de março de 2008

O IVA...

Baixou 1%! Uma baixa prudente, tão prudente, que não assustou os que defendem que os impostos se devem manter, mas que indignou os que querem uma descida significativa. Houve opiniões para todos os gostos, baseadas em argumentos, uns sensatos, sérios, bem fundamentados, mesmo que divergentes, o que se louva, outros de mero oportunismo político, o que se lamenta e deve condenar. Como se pode declarar que se tratou de uma medida, simultaneamente, eleitoralista e irrelevante? Seja como for, a baixa do IVA em 1%, é, indiscutivelmente, um sinal positivo, mesmo que modesto, que resultou da redução do défice que em 2007 se quedou em 2,6%, bem abaixo dos famigerados 3%, e nos faz acreditar que se atingirmos os 2,2%, previstos para 2008, será mais relevante em 2oo9.

24 de março de 2008

Aquela aluna, aquela escola

Mais vale tarde do que nunca. Preferi deixar passar a exaltação, face às indignas imagens agressoras. Calmamente, agora, eis dois, três comentários:
i) Nunca, enquanto jovem estudante, eu teria tal comportamento. Impedia--mo a educação recebida no seio familiar, e pela mesma razão, nunca algum dos meus filhos o poderia ter também;
ii) Acabe-se, de uma vez por todas, com a complacência com a indisciplina escolar. Viver em liberdade e em democracia não é fazer o que nos vem à cabeça, desrespeitando tudo e todos.
iii) Não é decente o aproveitamento político feito por alguns por alguns políticos e por alguns comentadores encartados da comunicação social.

17 de março de 2008

Acordo Ortográfico

Não sei se ainda não vamos ter um famigerado referendo, por causa do Novo Acordo Ortográfico, que já há 17 anos que foi politicamente aprovado, mas que ainda não foi, definitivamente, ratificado. Seria ridículo que tal acontecesse, evidentemente. Seja como fôr, estou a favor do Acordo, muito mais convencido pelos pareceres realistas e sensatos dos que o defendem, do que pelos argumentos poéticos dos que o repudiam.

É sensato!

Sim, à lei que proiba a reprodução e criação de cães considerados perigosos. Se ela já existe, como parece, que se regulamente, que se ponha a vigorar, e que haja fiscalização. E que também se tome muita atenção àqueles que andam para aí como inocentes animais domésticos. É verdade que não se vai acabar com os tigres, só porque eles não podem andar à solta, mas a verdade é que se podem ter em casa, à solta, como animais domésticos, os Pit Bull Terrier, os Rottweiler, que podem ser tão perigosos como eles.

Será sensato?

A maquilhagem, a tatuagem, a colação de piercings, principalmente este, serão práticas aberrantes que até poderão pôr em causa a saúde pública (?), mas constituem um problema menor entre os muitos, difíceis, que o país enfrenta. Legislar sobre ele de uma maneira tão drástica, como consta do Projecto-lei do PS, vai, possivelmente, abrir mais uma frente de crispação e protesto bem desnecessária no momento. No caso do aborto, defendeu-se, e bem, o direito da mulher de dispor do seu corpo, vai agora impedir-se que as pessoas, por sua vontade (mesmo que estúpida), pintem, piquem, esburaquem, a língua, ou as suas partes pudibundas?

13 de março de 2008

Os professores e o ensino

Atenção a um bom artigo saído hoje no jornal Público: "Ainda acabas a dar aulas!", de Esther Mucznik. Dele destaco três afirmações chave: (i) é evidente que houve sempre professores que honraram a sua profissão; (ii) a verdade é que há cada vez mais pessoas "a dar aulas" e cada vez menos professores; (iii) a sua substituição (da ministra) seria apenas uma magra vitória político-partidária e não dos professores ou do ensino em Portugal. Só uma dúvida, quanto à opinião da articulista sobre a reacção do ministro Santos Silva aos insultos que lhe foram dirigidos. Qual seria a reacção de Esther Mucznic se um grupo de pessoas, à porta de sua casa, lhe chamasse
nazi. Oferecer-lhes-ia flores?

O Benfica em Getafe

Espectáculo triste e deprimente. A equipa de futebol do Benfica, recheada de jogadores de nível internacional, através de uma actuação sem chama, sem ideias, sem alegria, sem velocidade, sem confiança, absolutamente inoperante, conseguiu perder, com sorte, só por um a zero, com o Getafe, equipa do meio da tabela do campeonato espanhol que se apresentou em campo com muitos dos seus suplentes. Pobre Benfica, cujo treinador actual, Chalana, que não tinha nada a perder, não teve coragem de arriscar uma equipa diferente daquela que o seu antecessor certamente escolheria. E lá vieram o Petit, o Nuno Gomes e o Makukula, saídos de lesões e absolutamente fora de forma. Então o Makukula que mesmo na sua melhor forma é aquilo que sabe. Pobre Benfica, cujo treinador actual, Chalana, que viu a sua equipa, completamente destroçada, perder os dois jogos, teve o desplante de dizer que, no conjunto das duas mãos, o Benfica fora o mais forte. Pobre Benfica.

11 de março de 2008

Um artigo a não perder

Excelente, na minha opinião, o artigo, de hoje, no Público, de José Vítor Malheiros, "Os Corações e as Mentes". É verdade, como diz o articulista, que quase tudo o que de mau acontece na educação é culpa dos professores, embora tudo o que acontece de bom também. Mas este tudo, digo eu, tem sabido a pouco, porque, infelizmente, não são maioria os professores para quem o ensino é como que um sacerdócio. É também verdade a apreciação que ele faz da actuação da ministra. Na realidade, o grande pecado de Maria de Lurdes Rodrigues, não foi o de não ter sido conciliadora com os sindicatos, mas o de não se ter esforçado em arranjar aliados fortes e credíveis entre os professores.

10 de março de 2008

Ansiedades

Ansiosamente curioso, aguardo os comentários dos Pachecos, Fernandes e quejandos, à notícia: George W. Bush veta lei do Congresso contra a tortura. E oxalá esta minha curiosidade ansiosa não seja considerada anti- -americanismo primário.

Perplexidades

Hoje, dia 10 de Março de 2oo8, na RTP1, canal, público, da televisão portuguesa, no programa Prós e Contras, o tema em debate é: Rei ou Presidente, Monarquia ou República? Por favor, digam-me que não tenho razão para estar preplexo perante tal escolha.

Mediações

É difícil acreditar que alguém da craveira intelectual do Prof. João Lobo Antunes tenha avançado a ideia de uma mediação, por terceiros, do conflito entre o M.E. e os sindicatos dos professores. Aceitar tal solução, além de abrir um precedente aberrante e perigoso, era para o governo um suicídio político, pois estava a abdicar da sua legitimidade de governar. Mas supondo, por desfastio, que tal ideia era aceite, pergunto: Quem seriam os árbitros, quem seriam os sábios mediadores independentes, e quem os escolheria? Na minha opinião, nem o diabo se arriscaria a tal missão.

1 de março de 2008

Um Óscar injusto

Ganhou quatro Óscares, um deles o de melhor filme, e chama-se, "No Country for Old Men". Em português deu-se-lhe o nome, não inteiramente feliz, de, "Este País Não É para Velhos". É um filme que, na minha opinião, só tem a virtude, não recomendável, da excelência formal com que trata a violência, o que é muito pouco, ou devia ser, para merecer o Óscar de melhor filme. Então, em todo o ano de 2007, Hollywood não produziu nada de melhor do que este requintado exibicionismo de violência gratuita? Então, " O Vale de Elah", o "Haverá Sangue", ou até o "Michael Clayton", para só falar dos que estão agora em exibição, não serão filmes muito mais importantes, muito mais profundos, muito mais sérios, embora menos cuidados formalmente? Penso que sim!

28 de fevereiro de 2008

Verdade ou mentira?

No jornal Público de hoje, em "Blogues de Papel" do suplemento P2, no blogue com o título "Eu tenho uma solução", um jovem estudante informa que este mês teve 6 aulas de substituição preenchidas com as seguintes actividades: "ver vídeos no YouTube, jogar à sueca, brincar ao telefone ou simplesmenete olharmos uns para os outros". Se isto é verdade, é vergonhoso. Irá haver alguma reacção dos professores ou do sindicato dos mesmos, ou apenas assobiarão para o ar?

Os protestos dos professores

Tem absoluta razão o professor Vital Moreira quando diz que não basta ter motivos de protesto para ter razão. Inevitavelmente, digo eu, haverá professores com razão para protestar, outros que não têm qualquer razão para tal, e entre todos eles os que, com ou sem ela, se juntam ao protesto porque pode tornar-se incómodo não o fazer.
Já aqui disse que assisti ao Prós e Contras sobre a educação. Ninguém se manifestou contra a avaliação, e também ninguém mostrou aceitar o modelo proposto para a fazer, mas sem apresentar qualquer alternativa. Vem agora o presidente do maior partido da oposição defender, li nos jornais, a suspensão da avaliação e que o sistema proposto seja corrigido para que fique "fora da tutela governativa". Aguardemos agora o desenvolvimento da "brilhante" ideia.

26 de fevereiro de 2008

Avaliação: sim ou não?

Assisti na TV aos Prós e Contras sobre a Educação e fiquei agradado por me ter apercebido que ninguém, dos intervenientes, contestava a avaliação dos professores, mas muito admirado por ninguém concordar com o tipo de avaliação proposto. E porquê a recusa? Porque os professores, se bem entendi, não querem ser avaliados pelos seus pares. É bastante estranho, mas atendendo que podem ter razões para tal posição, quais as alternativas apresentadas? Que eu ouvisse, nenhumas. Então, que fazer? Deixar tudo na mesma? Não creio!

Salve-se quem puder!

Depois da passada "tanga" e da próxima "crise social de contornos difíceis de prever" soubemos agora, pelo presidente do maior partido da oposição, se bem o ouvi, que o país está já em "pé de guerra".
Socorro! Salve-se quem puder !

24 de fevereiro de 2008

Apodrecer ao sol

Pulido Valente, o comentador, muito apreciado em certas capelas, do jornal Público, onde se sente, naturalmente, como peixe na água, profetizava ontem, simpaticamente, para Portugal, o apodrecimento ao sol. Hoje a sua crónica regressa a um dos seus temas preferidos: Sócrates (não o filósofo, mas o nosso primeiro). A propósito da Educação, Pulido acusa Sócrates de "tomar medidas" sem as explicar. Por exemplo, as aulas de substituição. Mas é necessária uma grande explicação para se perceber que quando um professor falta, deve haver outro que o substitua para não deixar os alunos sem nada fazer ou fazer o que não devem? Por exemplo, o encerramento de escolas rurais. Mas não foi logo dito que elas encerravam, para que os poucos alunos que as frequentavam fossem para escolas de maior frequência e melhor funcionamento? Por exemplo, a liderança escolar. Mas é necessário explicar a necessidade das escolas terem uma liderança? Não tem sido visível? Mas não creio que tal medida não tenha sido explicada, nem descutida, julgo que ainda o esteja a ser, e creio que não será tomada de ânimo leve. Por exemplo, a introdução do inglês. Mas, então, para tomar tal medida, era necessário explicar quem o iria ensinar e como o faria?
Por exemplo, a avaliação dos professores. Como ninguém está contra a avaliação, assim o tenho ouvido, mas como poderá vir a ser feita, o dito "é melhor uma avaliação má do que nenhuma", tem a sua justificação. Uma avaliação má pode ser melhorada e tornar-se boa.
Pulido Valente sabe que não é "tomando medidas" que se reforma Portugal. Então como é? Isso ele não sabe e acredita que ninguém sabe, por isso condena condena o País a apodrecer ao sol.

23 de fevereiro de 2008

Perplexidades

Depois da "tanga" estamos agora à beira de uma "crise social de contornos difíceis de prever". O que mais nos irá acontecer? Diariamente confrontados com notícias de jornais e telejornais ávidos de escândalos e desgraças e de lamentáveis opiniões de mal dizentes Pulidos, veio-nos agora a Sedes acabrunhar ainda mais, com aquelas tais boas intenções... Ainda o que nos vai descansando é o optismo, ainda que exagerado, do Primeiro Ministro, e o comedimento equilibrado do Presidente da República.

22 de fevereiro de 2008

Perplexidades

1ª - Há algumas semanas atrás o jornal Público públicou, inocentemente, em "cartas ao director", uma em que o seu autor, criticando o primeiro ministro, eng. Sócrates, lhe lembrava, a despropósito, o assassinato do rei D. Carlos.
2ª - Há alguns dias atrás, no canal SIC Notícias, o Eng. Cravinho, em entrevista, declarava com toda a firmeza e convicção (se o ouvi bem) que o relatório do LNEC sobre a localização do novo aeroporto era uma vergonha nacional.
3ª - Sobre as declarações do dr. António Costa sobre a alegada campanha do jornal Público, contra o primeiro ministro, eng. Sócrates, desde o falhanço da OPA da Sonae, alguns comentadores encartados da nossa comunicação social, mostraram-se muito indignados, considerando o eng. Belmiro de Azevedo um cidadão acima de qualquer suspeita e a direcção do jornal imune a qualquer pressão.
4ª - Perante o chumbo com que o Tribunal de Contas, infelizmente, penalizou Município de Lisboa, negando-lhe o pedido de empréstimo, alguns políticos e comentadores logo declararam, lamentavelmente, que se tratava de uma derrota do dr. António Costa, esquecendo que os derrotados eram, esses sim, as firmas credoras e a cidade de Lisboa.
5ª - O Benfica continua na Taça UEFA. Empatou ontem com o Nuremberga
com dois golos marcados nos dois últimos minutos. Há coisas fantásticas, não há?