31 de maio de 2008

E o vencedor é...!

Os militantes do PPD/PSD escolhem hoje o novo presidente do seu partido, aquele que irá substituir o dr. Meneses. Os três candidatos são quatro, como em Os Três Mosqueteiros do inesquecível Alexandre Dumas, mas nesta aventura eleitoral o herói não vai ser o quarto personagem. Patinha Antão não tem perfil para ser D'Artagnan. Quem vai ser, então, o figurão? Lá para as tantas da noite já se deverá saber. De qualquer forma, prevejo que os ppds votem Santana Lopes, os psds escolham Ferreira Leite, embora os mais jovens de ambas as facções se inclinem para Passos Coelho. Seja como for, o escolhido vai ter uma vida política partidária bem complicada, principalmente, se não for legitimado por mais de 50 por cento dos votos. A ver vamos!

29 de maio de 2008

Atenção ao pisca-pisca!

Na passada terça-feira, o dr. Silva Lopes foi à TVI pôr as suas "Cartas na Mesa". Com pena, só tive oportunidade de assistir ao final da entrevista. O dr. Silva Lopes, ex-governador do Banco de Portugal, ex-ministro das Finanças, não é um bota-abaixo, não é um arauto da desgraça, e, sobre o ponto de vista político, julgo poder dizê-lo, não é um despeitado. Não se mostrou optimista (vamos ter saudades deste p mudo?), teceu as suas críticas à actual governação, apontando o dedo á Educação, à Justiça, à Saúde, mas reconheceu que, depois do 25 de Abril, para além dos governos de Cavaco Silva (mas estes existiram no tempo das vacas gordas, acrescento eu), tem sido o actual (e deste c, também mudo?) governo que mais tem remado contra a maré, que mais reformas tem levado a cabo, muito embora tenha cometido erros, como, por exemplo, a demissão do ministro Correia de Campos. Mas não foram estas declarações que me motivaram, não é de política que, agora, desejo falar, quero é contar um pequeno episódio, de certo modo engraçado, que me veio à memória, depois de ainda ouvir um comentário do entrevistado aos maus hábitos dos portugueses, dando como exemplo, o facto dos automobilistas, na estrada, através das luzes dos carros, avisarem os que com eles se cruzam, que, nas proximidades, a GNR fiscaliza o trânsito, defendendo, portanto, os possíveis prevaricadores, causadores de acidentes (o sermos assim, tem razões de ser históricas, digo eu). No entanto, o meu episódio nada tem a ver com este exemplo, mas veio-me à memória por causa dele.
Com carta há pouco tempo, e também carro, um Austin 1000 que os meus filhos apelidavam de "bolinhas", ia eu, na estrada, na via da direita, como mandam as regras, e a velocidade dentro dos limites, quando passou por mim um apressado que me fez um gesto que me irritou. O gesto foi, se me faço entender, o braço estendido, a palma da mão para cima, e a mão a abrir-se e fechar-se, com as pontas dos dedos a tocarem-se e a afastarem-se. Um gesto que usávamos na escola e que significava ter medo: Tu tens é miúfa! Foi como o interpretei, e, intempestivamente, mandei o sujeito, com todas as letras, àquela parte. Ele, felizmente, nem me deve ter ouvido, e eu logo me arrependi do impropério, quando a minha mulher, que ia ao meu lado, me disse divertida, e depois provocadora: Ele só te estava a avisar que tinhas o pisca-pisca ligado. Esse teu mau feitio.!

23 de maio de 2008

Notícia!

Ontem, 22 de Maio, dia do Corpo do Senhor, foi feriado. No Jornal da Noite, da SIC, das 21 horas, Rodrigo Guedes de Carvalho, com grande seriedade, informou-nos que à saída da Procissão, alusiva ao dia, a chuva tinha parado. Haja Deus!

"A Escrava do Amor"

Só há pouco dei por ele, mas penso já ter sido o ano passado que, no mercado dos DVDs, saiu um compacto do realizador russo Nikita Mikhalkov. Dele faz parte um filme, "A Escrava do Amor ou Um Drama Pungente na Época do Cinema Mudo", que me traz recordações a que não resisto. Ele estreou-se em Lisboa nos anos 80, mais precisamente, em 1986, e não esteve no cartaz mais do que duas semanas. A origem, o título, os nomes desconhecidos que o suportavam, não cativaram o grande público. E, no entanto, não tenho dúvidas em afirmá-lo, foi um dos melhores filmes exibidos, nesse ano, em Portugal. Escrevi, então, sobre ele, um pequeno artigo, que em parte aqui trascrevo:
A história desenrola-se em 1917. As convulsões sociais e políticas, marcadamente populares, ocorridas em Petrogrado e Moscovo, que provocam a abdicação de Nicolau II, em Fevereiro, e mais tarde, em Outubro, levam ao poder o partido bolchevique, ocasionam inquietação e medo no seio das camadas mais abastadas da população(industriais, comerciantes, banqueiros, profissões liberais) e também nos meios artísticos (dançarinos, coreógrafos, escritores, cineastas, actores, etc.) A fuga dessa gente dá-se para a Escandinávia, ou através da Sibéria, ou em direcção à Crimeia ocupada pelos contra-revolucionários. O sol da Crimeia atrai naturalmente os cineastas, e é lá, numa cidade à beira do Mar Negro, no centro de uma praça vazia e soalheira, que o operador Pototski é assassinado a tiro, à vista da sua amada, tremente de terror, a estrela de cinema Olga Voznessenskaia. É o episódio fulcral do filme, sequência antológica bem ao estilo do cinema mudo: a câmara enquadrada e fixa, o gesto lento e teatral. A tragédia está no olhar esbugalhado de Olga, o horror na imagem da chávena de café que lhe treme nas mãos. Olga e Pototski fazem parte dum grupo que ensaia e filma um drama melodramático e ridículo intitulado, "A Escrava do Amor". Ela é a heroína do filme e a protagonista do filme do filme, ídolo das multidões, personagem caprichosa e mimada para quem a realidade é o mundo artificial dos seus próprios filmes. Será confrontada com a realidade revolucionária através de e por Pototskaia, bolchevique militante, que, clandestinamente, vai filmando as atrocidades cometidas pelas tropas tsaristas. Será Olga quem esconde as bobines reveladoras e as entregará aos resistentes locais que vingarão a morte de Potoskaia, abatendo o responsável local da repressão. À volta de Olga e Pototskaia agitam-se o realizador Kaliaguine, o produtor Iujakov, o actor Kanine, a actriz Diuchame, o guionista, expectadores da tragédia dos dois apaixonados, mas, simultanamente, intérpretes dos dramas das suas vidas vazias, sem sentido e sem futuro. Receosos da Revolução que não têm ânimo de aceitar e compreender, fugindo, suspirando por Paris, eles já recordam, no entanto, com saudade e lágrimas nos olhos, a erva verde e tenra da sua Rússia Central, que vão perder, que já perderam.
Um romantismo bem nuançado, uma pitada de poesia, o humor bem controlado, e uma impecável direcção de actores, são as armas de Mikhalkov. A fotografia a cores, muito bela, é no entanto, irregular, prejudicada pela cópia de fraca qualidade. Não há no filme ambiguidade ou nostalgia. O realizador conhece perfeitamente o tema, o local e a época da sua história. Ele ama os seus personagens e compreende profundamente as suas dificuldades e as suas dúvidas. Não está virado para o passado, está a olhá-lo e a descrevê-lo inteligentemente e inteligivelmente. Apenas pretende comover, interessar e motivar.
Na sequência derradeira do filme, Olga, denunciada aos brancos e abandonada num eléctrico desarvorado, invectiva, amargamente, os cavaleiros cossacos que a perseguem. Eléctrico e cavaleiros desaparecem ao longe, engolidos pelo nevoeiro.
Elena Solovei, a Olga Voznessenskaia, escrava do amor, esteve em Portugal, na altura da estreia do filme. Tive o prazer de a conhecer pessoalmente, de estar com ela. Uma mulher belíssima, de extrema simplicidade e simpatia. Jantou em nossa casa, fomos aos fados, falámos de cinema. Foi há vinte e dois anos!

22 de maio de 2008

Parabéns, Marcelo!

Não, não é a esse Marcelo que me estou a dirigir, se, por ventura, é nele que estão a pensar. O negócio do Marcelo que aqui felicito, não é a política, mas sim a culinária. Um Marcelo brasileiro, nosso irmão, portanto, artista da cozinha, com paixão, fazedor de pitéus bem caprichados, como ele próprio faz questão de afirmar. Fomos ontem almoçar, com um casal amigo que convidámos, na casa onde ele actua (será que me irei habituar a escrever atua?), bem integrado numa equipa extremamente atenciosa, simpática e competente. A ementa, caril de frango, antecedido por um creme de alho francês, a que se seguiu uma tarte de limão que tinha como alternativa bolo de cenoura com cobertura de chocolate, foi de chorar por mais, como é de hábito, e neste caso de boa justiça, dizer-se. Um único senão, mas esse por opção nossa, por consideração para com os nossos convidados, a falta de um picantezinho bem activo no caril. Mas para a próxima, amigo Marcelo, exijo transpirar até ao embaciar dos óculos.
Não vou nomear a casa, mas deixo pistas para quem estiver interessado em visitá-la. É uma casa de produtos biológicos e situa-se em Campo de Ourique.

15 de maio de 2008

Maldito tabaco!

O momentoso caso das fumaças dadas pelo primeiro-ministro, meio escondido, no avião que rumava à Venezuela, parece ter chegado ao fim, após as desculpas apresentadas pelo prevaricador que, duma maneira geral, foram bem recebidas e aceites, salvo algumas piadas oposiocinistas que, eventualmente, ainda se ouvirão na Assembleia da República. Estamos na era dos pedidos de desculpa que, se nada emendam, mal também não fazem, e são, pelo menos, um sinal de boa educação. Mas se o caso terminou, há, no entanto, consequências que não podem ser ignoradas, duas delas, pelo menos. A primeira, o facto de o nosso primeiro, que tanto se encarniçou contra o uso do tabaco, ter informado que ainda fumava, mas que agora (só agora!?), ia largar o vício. A promessa está feita! A segunda, o ter sido revelado, por arrastamento do acontecido, que em anteriores viagens aéreas presidenciais também se fumava, desrespeitando a lei, embora nunca ninguém se tivesse lembrado de denunciar o evento. Senhores jornalistas, não é a isto que se chama ter dois pesos e duas medidas? E esta, heim!

14 de maio de 2008

Fumos de provocação

O primeiro ministro anda mesmo a provocar o jornal Público. Atrever-se a fumar em recinto fechado, neste caso no avião que o levava à Venezuela, sabendo que por lá andavam jornalistas do dito jornal, foi uma provocação. A não ser que o nosso primeiro, tendo lido a entrevista da Manuela Moura Guedes, ficasse convencido que eles teriam medo de o denunciar. Puro engano! Se eles o não fizessem é que era motivo de severa reprimenda. José Manuel Fernandes, sob o olhar atento do eng. Belmiro, não lhes perdoaria. (Mas eu também acho que o que ele fez, não se faz!)

Declaração

Nunca senti o apelo religioso, nunca fui sensível ao chamamento da igreja, jamais implorei a uma divindade o que quer que fosse, não por arrogância sem propósito, mas, simplesmente, por pura descrença. O que não significa qualquer falta de respeito pelas crenças alheias. Lamentavelmente, o respeito dos não crentes pelos crentes, e dos crentes pelos não crentes, e dos próprios crentes entre si, dada a diversidade das suas crenças, anda muito, ou sempre andou, pelas ruas da amargura. A intransigência militante de uns e de outros, que sempre existiu, continua viva e muito receio que nunca morra. A religião é um dos maiores e mais graves problemas que o homem enfrenta, senão o maior e mais grave. Problema que o próprio criou, sem que para ele tenha solução.

4 de maio de 2008

Obviamente demito-o!

A frase, quem o não sabe, é do general Humberto Delgado. Ela e ele fazem já parte da nossa História recente. O general Humberto Delgado é figura grada que merece todo o nosso respeito e consideração, e também o nosso obrigado pelos exemplos de coragem e honestidade que nos legou.
Vem isto que escrevo a propósito do espectáculo estreado pela A Barraca, no Teatro Cinearte, no dia 1 deste mês, que o autor do texto intitulou: Obviamente demito-o!. Não lhe chamaria uma peça, mas um amontoado de pequenas cenas (são 43 e um epílogo) que procuram retratar, cronologicamente, o periodo que vai desde a apresentação da candidatura do "general sem medo" à Presidência da República, em 1958, até ao seu assassinato, em 1965. São pequenos relâmpagos que iluminam, uns com rara nitidez, outros com fraco recorte, acontecimentos, bons e maus, dignos e indignos, personagens, respeitáveis uns, odientos outros, dessa época conturbada. A encenação é sóbria e eficaz, mas nunca brilhante, a representação é equilibrada com a figura do general composta com muita inteligência e vigor. Louvável é que o espectáculo ainda consiga emocionar quem, como eu, viveu aqueles anos, e obrigue a pensar quem os não viveu.

Corações

Corações, é o nome de um filme, presentemente em exibição entre nós, do realizador francês Alain Resnais, que já há muito não nos visitava e de quem já tinhamos saudades. Alain Resnais, é sempre indispensável recordá-lo, é o autor de um dos mais importantes, comoventes e impressionantes filmes do cinema francês: Hiroshima, meu amor. Ele é um dos tais 1001 filmes para ver antes de morrer.
Este Corações é um filme, leve, de uma plácida tristeza, de uma subtil sensualidade, que nos fala de amargas desilusões, de dores antigas, de envergonhados segredos, de inocentes mentiras. Adivinhamos cada plano, prevemos cada movimento, não há cenas que nos sobressaltem ou intriguem. Resnais somente nos quer envolver e entreter naquela história de pequenas histórias de encontros e desencontros. O cinema, não apenas, mas também é entretenimento. E, neste caso, é agradável e repousante ouvir falar francês para desenjoar do inglês cinematográfico que nos rodeia.

3 de maio de 2008

Obsessões

Possivelmente preocupado com as sondagens, o jornal Público parece ter voltado à sua obsessão: Sócrates (não o filósofo, mas o político). Ontem, na primeira página, o destaque era aquela foto de mau gosto (vinda do Porto) que em nada valorizava a manifestação, mas que tinha o aliciante da legenda; e na última página o artigo do opinioso de serviço, sempre pronto para o tema socratiano, V.P.V., rodeando uma foto desfocada do visado. Dir--se-á que sou dos que acredita na teoria da conspiração. A verdade é que acredito.

1 de maio de 2008

Viva Maio!

Sim, viva o mês de Maio! Digo-o, porque foi no dia 1 de Maio de 1959 que nasceu o nosso filho, o Manuel; porque foi no dia 15 de Maio de 1964 que nasceu a nossa filha, a Teresa; porque foi no dia 11 de Maio de 1996 que nasceu o nosso primeiro neto, que é uma neta, a Beatriz. E porque foi no dia 1 de Maio de 1974 que nós, todos os portugues, pudemos festejar o primeiro 1º de Maio, dia do Trabalhador, do Portugal libertado, gritando, livremente, alegremente, exaltantemente: O Povo, Unido, jamais será vencido!