É o meu terceiro livro e foi editado em 2011. Uma vez mais, uma pequena e exclusiva edição de autor, destinada não para venda, mas para oferta a familiares e amigos.
Compõe-se de uma cronologia das obras literárias dos géneros fantástico, ficção científica e afins publicadas em Portugal durante os séculos XIX e XX e os primeiros 10 anos do século XXI, e uma antologia de textos retirados de tais obras. Transcrevo a introdução:
PRÓLOGO
O presente
trabalho consiste numa relação cronológica, seguida por uma antologia seleccionada, de textos de
ficção que pelo seu conteúdo e/ou estrutura são, ou podem ser, considerados dos
géneros fantástico, de ficção científica, ou afins a estes, como sejam o estranho e o maravilhoso,
duas vertentes do fantástico, o negro, que balança entre o horror e o terror, o sobrenatural,
companheiro dilecto de todos eles, ainda o surrealismo
e até o realismo fantástico.
O critério de escolha dos textos não
foi rígido, pelo que é admissível que haja alguns que não se enquadrem, ou
rigorosamente não pertençam a esse vasto universo literário, embora sempre se
tenha tentado o apoio, para todos eles, de uma referência credível. Por outro
lado, a busca não foi tão exaustiva que se possa pôr de parte a hipótese, muito
provável, de haver títulos injustamente ausentes; de certo que os haverá. Quanto
aos comentários, que não cobrem todos os textos, até por não ter havido acesso directo
a alguns deles, são essencialmente informativos, tendo-se evitado,
naturalmente, juízos de valor.
O negro
na literatura, embora desde sempre
utilizado, mas de maneira avulsa, só surgiu na Europa como género literário em
meados do século XVIII, quando se torna um objecto insistente da criação
literária nos seus vários aspectos de horror e de terror (crime, roubo, rapto,
loucura, suicídio, tortura…). Primeiramente,
em Inglaterra, onde toma o nome de gótico
dada a tendência em contextualizá-lo em cenários da Idade Média, apontando-se o
romance, The Castle of Otranto, de
Horace Walpole, como iniciador do género. Mas quase simultaneamente apareceu e
prosperou na Alemanha – mais brutal e terrífico –, e em França,
preferencialmente dirigido para a tragédia social.
O fantástico, a intrusão do aparentemente
inexplicável na vida real, contemporâneo do negro,
se há traços dele no século XVII, é também, no entanto, no século XVIII que desabrochou
e se desenvolveu, no rasto do gótico, jogando no
sobrenatural, muito ligado ao romantismo e hostil ao racionalismo. Contudo
foi durante todo o século XIX, e primeiros anos do século XX, que ambos os
géneros, negro e fantástico, verdadeiramente se impuseram, muito devido à abundância,
mais do que à qualidade, das obras produzidas.
A ficção
científica trouxe para a literatura
as viagens espaciais e o contacto com alienígenas: as suas duas imagens de
marca. Isso verificou-se ainda no século XIX, por intermédio daqueles que são
considerados os seus pais: o inglês H.G.Wells, o francês Júlio Verne e o
americano Edgar Allan Poe. Mas a expansão e enorme popularidade do género deu-se
já no século XX, nos Estados Unidos da América, com muita força, e na Europa,
mas em menor grau, principalmente em França, em Inglaterra e na antiga União
Soviética. A expressão ficção científica,
embora contestada, impôs-se de maneira incontornável, e abrange hoje variantes
cujas ficções pouco ou nada têm de científicas.
Portugal, país marginal, sempre longe
da actualidade europeia, só tomou conhecimento de tais movimentos literários
muitos anos depois do seu início, em grande parte através de más traduções, daí
resultando que só a partir de meados do século XIX a novelística portuguesa nos
oferece textos mais ou menos influenciados pelos géneros literários em questão. As excepções, que sempre se
encontram, são duas obras de inegável
qualidade que não podiam deixar de ser consideradas: História do Futuro, do Padre António Vieira, e Obras do
Diabinho da Mão Furada, supostamente, de António José da Silva, o Judeu.
A narrativa sobre o Diabinho, também designado por Fradinho, tenha sido ou não o Judeu o seu autor,
é um texto do século XVIII, assim está provado, mas que só foi divulgado no
século seguinte, em 1861, o que permitiu repescá-lo, dada a sua temática e
estrutura. Quanto à História do Futuro, que começou a ser escrita em
1649, e só publicada, postumamente, no
século XVIII, uma vez em 1718 e outra em 1755, mas várias no século XIX, considerou-se
abusivo introduzir o discurso profético do Padre António Vieira no mundo
literário desta cronologia.
. Mesmo no século XX, do universo dos
nossos escritores, raros foram os que se dedicaram preferencialmente a tais
géneros literários, embora, uma boa parte deles, incluindo alguns dos
mais prestigiados, tenha revelado grande atracção por eles. É o caso exemplar
do nosso Nobel da Literatura, José Saramago, cuja obra ficcional, toda ou quase
toda, possui uma componente modal de índole fantástica.
O século XXI vai ainda no primeiro decénio,
mas dos anos já decorridos, louve-se a
edição de mais de meia centena de títulos originais, dois deles de José Saramago,
que de novo marca presença nesta cronologia, a confirmação e a estreia
promissora de alguns novos autores, e um número de leitores, principalmente
jovens, cada vez mais interessados, que parece aumentar.
2 comentários:
Boa noite,
Será que tem como obter um exemplar?
Obrigado.
Cumprimentos,
Álvaro
Boa tarde, Manuel José Trindade,
Começo por pedir desculpa por estar a insistir, mas será possível comprar uma edição da sua cronologia?
Obrigado.
Cumprimentos,
Álvaro de Sousa Holstein
(alvaroholstein@gmail.com)
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