25 de abril de 2021

O GLORIOSO 25 DE ABRIL DE 1974

Nasci em 1928, um ano muito próximo do ano em que nasceu o dito Estado Novo/Ditadura, malfadado(a). A pesar disso, desde que tive consciência, desde que comecei a conhecer o país em que nascera, a conhecer a história do meu país, de Portugal, que comecei a ter orgulho em ser português. O glorioso 25 de Abril de 1974 veio  tarde, mas muito a tempo de confirmar que eu tinha razão. A mesma razão que, certamente, tiveram aqueles que aspiraram e lutaram, sem nunca desistir, que tal dia acontecesse. E convicto dessa certeza, recordo, deles, os três políticos mais importantes dos três partidos políticos mais importantes do nosso país: Álvaro Cunhal, Mário Soares, Sá Carneiro. Viva o 25 de Abril, viva Portugal. 

3 comentários:

Miss Lady disse...

Viva o 25 de abril. Sempre!

Manuel Loureiro disse...

o que falta mesmo é cumprir abril. Viva!

Miss Lady disse...

AS PORTAS QUE ABRIL ABRIU

Era uma vez um país

onde entre o mar e a guerra

vivia o mais infeliz

dos povos à beira-terra.

Onde entre vinhas sobredos

vales socalcos searas

serras atalhos veredas

lezírias e praias claras

um povo se debruçava

como um vime de tristeza

sobre um rio onde mirava

a sua própria pobreza.

Era uma vez um país

onde o pão era contado

onde quem tinha a raiz

tinha o fruto arrecadado

onde quem tinha o dinheiro

tinha o operário algemado

onde suava o ceifeiro

que dormia com o gado

onde tossia o mineiro

em Aljustrel ajustado

onde morria primeiro

quem nascia desgraçado.

Era uma vez um país

de tal maneira explorado

pelos consórcios fabris

pelo mando acumulado

pelas ideias nazis

pelo dinheiro estragado

pelo dobrar da cerviz

pelo trabalho amarrado

que até hoje já se diz

que nos tempos do passado

se chamava esse país

Portugal suicidado.

Ali nas vinhas sobredos

vales socalcos searas

serras atalhos veredas

lezírias e praias claras

vivia um povo tão pobre

que partia para a guerra

para encher quem estava podre

de comer a sua terra.

Um povo que era levado

para Angola nos porões

um povo que era tratado

como a arma dos patrões

um povo que era obrigado

a matar por suas mãos

sem saber que um bom soldado

nunca fere os seus irmãos.
ARY DOS SANTOS