17 de maio de 2020

Os livros da minha vida (4)

Permitam-se-me umas passadas em frente, fugindo ao passado mais fundo que tenho vindo a recordar para me aproximar do mais actual. Para quê? Para lembrar livros da minha autoria, que, verdadeiramente, são os que mais considero como os livros da minha vida. Não terei razão? Penso que sim, mas uma coisa é certa, independentemente do seu real valor, se algum têm, gosto muito deles, são à, ou da, minha medida. Sim, irei aos livros, mas, no entanto, vou primeiro às traduções dos que traduzi, labor que muito me ajudou a preencher o vazio dos dias vazios que a reforma me deixou. Não são meus, mas ao revesti-los com o meu português, passaram a ter muito de mim. Cito-os: “Espionagem e contra-espionagem numa guerra peninsular (1640-1668)”, de Fernando Cortés Cortés (Livros Horizonte); “Guerra e pressão militar nas terras de fronteira (1640-1668)”, de Fernando Cortés Cortés (Livros Horizonte); “Lisboa, mítica e literária”, de Ángel Crespo (Livros Horizonte); “Cartas de Lisboa (1822)”, de José Pecchio (Livros Horizonte); “História de Espanha”, de Pierre Vilar (Livros Horizonte); “Manual do estudante eficiente”, de Francisco José Montes (Livros Horizonte); “Rosebud, fragmentos de biografias”, de Pierre Assouline (Bertrand Editora); “O ressentimento na História”, de Marco Ferro (não editado) Deles, permito-me destacar o de Ángel Crespo, poeta, ensaísta, tradutor, grande amigo e conhecedor da literatura portuguesa, em particular de Fernando Pessoa, sobra o qual muito escreveu. Porquê? Já lá vamos. Ángel Crespo veio a Portuga, a Lisboa, cidade que ele amava (e nós amamos), da qual fala, com sentido histórico, desde a conquista aos mouros à actualidade republicana (o livro é de 1987), e ao longo da qual passeia e se extasia, classificando-a de cidade mágica e poética que muito tem influído na génese e desenvolvimento da civilização ocidental, ele veio a Portugal, a Lisboa, repito, à apresentação do livro, tendo tido a amabilidade de me oferecer um exemplar com a seguinte dedicatória: Para Manuel José Trindade Loureiro, coautor de este texto en uma magnífica traducción portuguese, com la admiracion y el agradecimento de Ángel Crespo. Como esquecê-lo? Enfim, todos temos as nossas vaidades. Ao meu primeiro texto que virou livro, cuja edição, de autor, destinei, não ao mercado, mas para ofertar familiares e amigos, dei o título de “CHANDLER & MARLOWE”, e expliquei: Chandler, de primeiro nome Raymond, e Marlowe, de primeiro nome Philip, são uma dupla famosa. O primeiro, escritor e, como tal, um dos grandes nomes da literatura policial americana e mundial, e o segundo, criatura nascida da imaginação do primeiro, protagonista-narrador de todos os seus romances, modelo acabado do herói-detective, solitário, integro, homem de honra e de consciência. E informei: o argumento baseia-se, em parte, no facto de eu ter considerado Marlowe não uma criação literária de Chandler, mas sim uma pessoa real, com a profissão de detective Havia indícios a creditar tal suposição, vindos do próprio Chandler, assim o entendi, ao ler respostas suas às cartas de quem o questionava sobre a vida do detective, e avaliar os dados que sobre ele ia revelando ao longo dos romances. No primeiro que iniciou a série, e a celebrizou, “Á beira do abismo”, de 1938, o próprio Marlowe revela ter 33 anos. Assim sendo, que teria nascido em 1905, bem posso afirmar que o livro não só homenageia Raymond Chandler como recorda e celebra o centenário do nascimento de Philip Marlowe. O segundo, mantendo o mesmo padrão, o de oferta a familiares e amigos, é um livro de pequenas memórias, “CONTOS DO (MEU) ENTARDECER”, de contos todos eles baseados em factos reais por mim vividos (com a excepção do último), em que a ficção é apenas de pormenor. O terceiro, com um título bem longo e explicito, “O FANTÁSTICO, A FICÇÃO CIENTÍFICA, & GÉNEROS AFINS NA NOVELÍSTICA PORTUGUESA (cronologia e antologia / séculos XIX e XX), e o mesmo princípio editorial. Outros textos, sim, há mais, mas não editados e por isso engavetados. Ei-los: “Chandler & Marlowe” (2ª edição, revista e aumentada) “Contos do (meu) entardecer” (2ª edição, revista e aumentada) “Teatro esquecido” “Escritos” “Memórias” “Literatura Policial Moderna” “Para a Literatura Policial Portuguesa que um dia alguém há-de escrever” É TUDO, E NÃO É POUCO, PARA UM MODESTO AMADOR COMO EU.

1 comentário:

Diana disse...

De amador tens muito pouco... enfim, para mim o contos do TEU entardecer continua a ser a minha favorita... talvez esteja enviesada mas assumo-o!! Um dia também na minha reforma conto escrever contos para os meus netos. Dedicarei a ti, com toda a certeza.
Um beijinho desta tua fã
Diana